1.6.08

EM TORNO DA MESA

No Novo Testamento há diversos relatos sobre a ressurreição de Jesus. Os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) interpretam a ressurreição de uma maneira diferente que o apóstolo Paulo, o primeiro a escrever depois da morte-ressurreição de Jesus muito antes que qualquer evangelista. O autor do Evangelho de Lucas relata a ressurreição de uma forma física, colocando Jesus e seus discípulos comendo. É preciso levar em conta o contexto de Lucas de que para os seus leitores era importante acentuar um corpo e não um "fantasma" pois naquela época já circulava uma interpretação que dizia que Jesus tinha apenas a aparência de humano (docetismo), mas não era humano. Paulo desconhece túmulo vazio e aparições relatadas pelos evangelhos. Para ele a manifestação do Ressuscitado foi espiritual e revelacional para algumas testemunhas (1Co. 15).

Bem. O que quero colocar é o seguinte: como a Igreja poderia vivenciar a presença do Ressuscitado uma vez que ele não estava mais no meio dos discípulos com seu corpo físico? Não era mais uma manifestação espiritualizada e revelacional (Paulo) e nem mesmo seu pretenso corpo físico (principalmente Lucas). Nenhuma dessas possibilidades aconteceria novamente. Como a comunidade experimentaria a presença daquele que abalou suas vidas e fez com que eles vissem as coisas com outros olhos, os do Reino?

Este foi um problema levantado pela comunidade do Evangelho de Lucas. A comunidade quer presenciar a atuação do Ressuscitado. Surge então o capítulo 24,13-32. Dois discípulos no caminho de Emaús "conversam com Jesus" mas não o reconhecem. O convidam para entrar e uma vez na mesa ele parte o pão. Os olhos se abrem, e aí o reconhecem - "é ele!!!". Com este texto narrativo o autor do Evangelho de Lucas quer ensinar a comunidade de que é em torno da mesa que o Ressuscitado se faz presente.

A pergunta da comunidade era: "onde está Jesus Cristo hoje?" A resposta foi: "no partir do pão (ceia) ele está no meio de vós". Eles não estavam sozinhos. Nos momentos de partilha, de solidariedade, de espiritualidade, de comunhão, a presença de Jesus era concretizada. Diante disso não era possível falar de morte, porque ele estava vivo e no meio deles.

Hoje a sua presença é vivenciada por meio do seu Espírito quando um grupo de pessoas se reúne em seu nome (Mt. 18,20) formando assim a Igreja. E esta comunidade concretiza a comunhão com ele quando repete o seu gesto de "partir o pão", e em torno da mesa todos podem compartilhar da sua presença, não física, é verdade, mas espiritual, e da melhor maneira - comendo.

Para refletir sobre a presença do Ressuscitado a comunidade primitiva formulou, creu, modificou ao seu contexto ensinando de modo diferente, mas sem perder em nenhum momento a essência da nova maneira de viver com Deus - a ressurreição.

A Igreja hoje vive a realidade da presença do Ressuscitado na comunhão, na partilha, no amor. E essa realidade para mim basta, e basta mesmo. Não preciso de mais nada para ofuscar o milagre da ressurreição.

Um comentário:

Pedro disse...

A grande Paz do Senhor:

Todos os sermões mencionados no N.T., pregados por todos os cristãos, estão centrados na ressurreição. O Evangelho, a boa nova, traz a notícia sobre a ressurreição de Cristo. Se ele realmente ressuscitou, isso dá validade à afirmação de que Ele era divino, e não meramente humano, porque a ressurreição está além do poder humano. O pai da demistificação, Bultmann, afirmou que se achassem numa tumba os restos mortais de Jesus estaria acabado o cristianismo. Paulo, combatendo epicureus e estóicos, disse: "se Cristo não ressuscitou então é inútil a nossa fé, a nossa e pregação. A ressurreição tem uma prática importante e fundamental pois completa a nossa salvação. É a nossa esperança ressurcitarmos com Cristo para a glória Infelizmente pregadores de uma falsa teologia, nicolaistas, falam de uma teologia relacional, ou seja, que não ressuscitou, foi apenas uma forma de contar, uma narrativa lendária para reforçar a crença. Os relacionistas, participantes do teísmo aberto, dizem: Não podemos crer totalmente no que está escrito na Bíblia, nem tudo é revelação. Há, nela, muitas lendas, costumes geracionais da época, que não condizem com a realidade. De maneira fantástica Jesus profetizou sua morte e ressurreição. Graças a Deus que o evangelho é poder de Salvação para todos os que crêem com inteireiza de espírito e não multifacetado.