8.9.22

TEXTO PARA LER NO DIA TRINTA E UM DE OUTUBRO

Os pastores-midiáticos estão confiantes de que podem influenciar os seus milhares de seguidores virtuais a votarem no atual presidente que concorre à reeleição. Não fazem isso como meros cidadãos que tem o direito constitucional de votarem, antes querem que todos saibam da sua “divina” opinião quando declaram o seu voto no atual presidente. Bom, até aí não haveria o menor problema. Esses pastores-midiáticos têm a estrutura da internet e podem fazer isso, como um youtuber ou influenciador digital.

Mas o ponto não é esse...

Não querem apenas dizer em que seus seguidores devem votar, mas também chamar a “vontade” de “Deus” para dizer que foi ele, “Deus”, quem disse em quem seus seguidores devem votar. O “Deus” deles foi até o TSE celestial e tirou o seu Título de Eleitor divino para votar exclusivamente no pleito desse ano no Brasil, não por acaso que esse “Deus” deve ser brasileiro mesmo. 

A criatividade desses pastores-midiáticos é incrível, isso é preciso admitir.

Um diz que jejuou quarenta dias, assim como Jesus no deserto e depois foi tentado pelo diabo, mas ele acredita piamente que ouviu mesmo foi a “voz” de “Deus”. O jejum (diferente daquele que Deus cobrou em Isaías 58 dos líderes religiosos, qual seria, “partilhar a comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu e não recusar ajudar o próximo”) serviu para dar a ele a clareza absoluta de que “Deus” estava decidido a dar mais quatro anos para o atual presidente. Ele tem certeza!

Outro disse que orou muito e “Deus” falou com ele de que o atual presidente teria a “vitória” em outubro, pelo fato de “Deus” está conduzindo a Nação para a prosperidade com o atual governo. Além de argumentos já batidos de que o País pode se tornar “socialista” e “comunista” (como se as duas coisas fossem a mesma coisa), o pastor-midiático elencou a sua agenda moral para dizer que os seus seguidores deveriam seguir a sua história e discernimento “espiritual” para votar a partir de princípios que ele considera que o atual governo tem. “Deus” quem o orientou.

O mais conhecido dos pastores-midiáticos conseguiu a proeza de dizer que está “orando” para que as urnas eletrônicas travem por oito horas no dia da eleição e assim o pleito seja cancelado e o resultado não declarado, comprovando, assim, de que houve frade eleitoral. O “Deus” desse pastor-midiático tiraria um tempinho para interferir no processo eleitoral brasileiro a fim de favorecer o seu “Messias”, uma vez que ele é o “ungido” de “Deus” para governar o País. Imagina o “dedo” dele nas urnas...

Esse texto foi escrito no dia oito de setembro de 2022 e poderá ser lido no dia trinta e um de outubro de 2022, caso haja segundo turno.

Sendo o primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto a ganhar a eleição, o “Deus” desses pastores-midiáticos estará em maus lençóis.

Primeiro ele terá que explicar por que falou tão claramente para o pastor que jejuou quarenta dias e falhou na sua “decretação” de quem deveria ganhar a eleição.

Depois ele terá que dizer por que desacreditou a oração do pastor que acredita que o País estava caminhando para ser uma “Venezuela” e “Deus” não impediu. O pastor “jura” de pé junto que foi “Deus” quem mostrou a “vitória”. Isso pegará mal!

Por fim, caso as urnas não travem e o pleito ocorra sem maiores intercorrências, o “Deus” do pastor gritador terá que dizer por que ele não interferiu nas urnas para favorecer o candidato à reeleição. E não interferindo, fica a pergunta: estaria ele, “Deus”, “torcendo” para o outro candidato? De qualquer forma, esse “Deus” estaria “encrencado” caso as coisas não saiam do modo como o pastor está dizendo.

No mais, vamos nos preparar para ver uma virada da “teologia do domínio” de muitos pastores nesse Brasil de bolsonaristas.

A partir do dia trinta e um de outubro, Rm 13 não servirá mais, serviu até agora para “calar” a boca de críticos. E aquele “irmão” que dizia que quem criticava o atual governo deveria na verdade é orar, irá passar a criticar o que assumirá em janeiro de 2023. E aquela conversa de que o Palácio do Planalto foi ungido por “Deus” terá um novo capítulo, isso porque a “unção” de “Deus” terá ido embora do Palácio.

É esperar para ver.

Como esse texto não é para ser lido agora, é aguardar o dia trinta e um de outubro para ler e se certificar se realmente esse “Deus” falou com esses pastores-midiáticos.

Obs.: As aspas são para preservar o Nome daquele que não se deixa usar como cabo eleitoral.