13.3.15

O CRISTO CARDÍACO (OU SOBRE O SEGUIMENTO)

A mensagem que os missionários trouxeram para a “evangelização” do país foi marcada pelo puritanismo anglo-saxônico dos Estados Unidos. O puritanismo é um movimento oriundo da Inglaterra que teve seu irmão gêmeo na Alemanha, mas lá ficou com outro nome, pietismo.

O puritanismo irá influenciar a formação teológica (há boa literatura que cobre esse dado), assim como pregadores itinerantes e não poucos pastores.

O olhar puritano sobre Cristo foi escasso, uma vez que o movimento olhou para a “Bíblia” e não para Cristo. Uma das principais ênfases do movimento foi na “salvação pessoal”, esta vinda inteiramente por Deus, em Cristo.

Aqui que Cristo passa a ser um mediador de um processo de salvação onde o interesse nele passa a ser apenas salvífico. Não por acaso, que o seguimento de Jesus é ignorado no puritanismo. Importando apenas o seu aspecto redentor.

É Sören Kierkegaard quem irá criticar Lutero por esse ter primado um Cristo como dom e graça e não como caminho e modelo.

Entendendo assim, que Kierkegaard sentencia: “não se trata de seguidores de uma doutrina, mas imitadores de uma vida”.

O seguimento é a relação que os discípulos têm com Jesus. Essa relação começa quando Jesus chama seus discípulos para segui-lo. A intenção é que eles reproduzam os seus passos, participando, especificamente, do seu projeto, o reino de Deus. O seguimento, portanto, é assumir os passos de Jesus ao ponto de compartilhar, até mesmo, o seu destino, a morte.

O seguimento é a disponibilidade para reproduzir, em outros contextos históricos, o movimento fundamental das ações de Jesus. Seguimento é a principal identidade cristã, pois o seguidor deve reproduzir a estrutura fundamental da vida de Jesus e ao mesmo tempo tornar possíveis as ações dele de acordo com as exigências do contexto em que se vive.

Quem se dedica a esse tema, é o teólogo Jon Sobrino.

Para Sobrino, Jesus é alguém que chama seus discípulos para estar perto dele a fim de participarem dos seus anseios e ações. Não é um Cristo distante do povo e transcendente, mas perto ao ponto de pedir ajuda aos seus seguidores para que desçam da cruz de hoje os necessitados e desvalidos.

É um Cristo que solicita companhia, pois reconhece que sem a ajuda dos seus discípulos não seria possível levar adiante as marcas do reino de Deus.