30.4.20

NOTA DE REPUDIO DOS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO AO SR. MINISTRO DA JUSTIÇA

Excelentíssimo senhor, agora Ministro da Justiça, André Mendonça, nós, profetas que atuamos fielmente e com compromisso com Deus no Antigo Testamento, viemos, por meio desta nota, REPUDIAR VEEMENTEMENTE o seu uso indevido de nosso título.
No dia 29 de Abril de 2020, em ato que celebrava a sua posse como Ministro da Justiça, o senhor se referiu ao presidente Jair Bolsonaro como “um profeta no combate à criminalidade”. Pois saiba que nunca recebemos maior insulto. E denunciamos porque: 
Nosso irmão mais velho, Samuel, chamou atenção no capítulo 8 do seu primeiro livro, como Deus desaprova o governante que não faz outra coisa senão explorar seu povo, despreza sua vida e tem a cabeça na guerra. Pois nós sabemos que Bolsonaro é um homem que não pensa em outra coisa senão em armas, violência, militarização e elogia torturadores.
Nosso irmão Elias foi ameaçado de morte e perseguido, por denunciar os abusos e a agressividade do governos de Acabe e Jezabel. Nós sabemos como Bolsonaro persegue e agride opositores, principalmente jornalistas. Você vê algum ato profético nisso?
A Covid-19 ultrapassou os cinco mil mortos, e Bolsonaro se limitou a dizer apenas “E daí?”, além de colocar a vida de tantas pessoas em risco com suas exposições e zombando da quarentena e do poder letal do vírus. Lembramos do nosso irmão Jeremias, que diante de um contexto de morte e desamparo, se solidarizou e constrangeu a ponto de publicar um livro só sobre suas lamentações e dor, sua dor e a dor do povo.
Nosso irmão Isaías, no capítulo 5 do seu livro, é poderosamente usado por Deus para denunciar latifundiários, poderosos donos de terras, acumuladores de terras. Bolsonaro é um aliado do latifúndio, de garimpeiros que desrespeitam terras indígenas, de fazendeiros que planejam a morte de camponeses. O jejum é a justiça, é libertar o cativo, é acolher desabrigados e amparar desamparados.
Aliás, através de nosso irmão Isaías, Deus foi taxativo sobre o jejum que lhe agrada, e ele não tem nada a ver com o jejum interesseiro e anti-bíblico que Bolsonaro e Marco Feliciano convocaram.
Por fim, lembramos nosso irmão Amós, e ele estava certo quando disse que “não sabem agir com justiça aqueles que amontoam opressão e violência em seus palácios”. É exatamente isto que Bolsonaro e seus filhos tem feito, com este núcleo que, fica cada vez mais evidente, age como um gabinete do ódio. Um grupo que homenageia homens violentos, torturadores, policiais comprovadamente envolvidos com milícias que assassinam e extorquem os pobres do povo do Deus.
Por tudo isto, nós, PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO, exigimos que o agora ministro se retrate deste vergonhoso pronunciamento. Declaramos: Bolsonaro não é profeta, ele não tem honra, caráter e compromisso com a justiça de Deus para ser um. Conosco está Martin Luther King, Doroth Stang, Chico Mendes, Abdias do Nascimento, Cornel West, Mãe Beata, Zilda Arns, Oscar Romero, Nelson Mandela, Marielle Franco. Entende a diferença? Para nós, Bolsonaro, seus filhos e os pastores que o seguem são ladrões, víboras e traidores do chamado de Deus à justiça. Assim diz o Senhor. Sem mais.
Assinam: Samuel; Elias; Eliseu; Natan; Isaías; Jeremias; Ezequiel; Daniel; Joel; Amós; Miquéias; Naum; Habacuque; Sofonias; Zacarias; Malaquias.

* Texto escrito por Ronilso Pacheco*
(Disponível: https://www.facebook.com/ronilso.pacheco/posts/2905554896226531

7.4.20

BATEU A SAUDADE DA COMUNIDADE DE FÉ

E aqui estamos, surpreendidos por um vírus altamente contagioso e agressivo que segue nos impedindo de abraçar quem amamos e de estar perto de quem partilhamos a fé em comunidade.

Pois é, agora a comunhão na comunidade de fé está fazendo uma falta danada.

Inúmeros irmãos me escrevem sobre a falta que está sentido da igreja reunida no templo para o louvor e adoração e escuta da Palavra.

Recentemente gravei um vídeo do templo vazio e alguém me escreveu: “Pastor, que tristeza ver esses bancos vazios”. Respondi que em breve estaríamos juntos como comunidade, essa é a nossa expectativa.

Mas esse momento também provoca reflexão.

Estou colhendo testemunhos de pessoas que só agora se deram conta da falta que a comunidade está fazendo na sua vida, mesmo reconhecendo que não é tão assíduo na comunidade e que não participa com certa frequência de encontros com os demais irmãos. Essas pessoas estão revendo seus caminhos.

Mas agora bateu a saudade...

Saudade daquela conversa antes de iniciar os cultos. Aquele momento de bater um papo sobre a semana. E claro, a brincadeira sobre o time do coração, tão presente nas rodas de conversa entre os homens.

Saudade do abraço. Sim, o abraço que faz toda a diferença na semana. Aquele carinhoso e confortante abraço que apenas com esse gesto diz sem dizer: “Como é bom vê-lo/a novamente aqui”.

E a saudade do culto. Essa saudade é que mais aperta o coração. É o momento ímpar de congregar que muitos valorizam como uma atividade imprescindível durante a sua semana. É o momento de congregar como corpo de Cristo e presenciar a ação do Espírito Santo falando à comunidade de fé.

Com a saudade batendo, só se espera estar juntos novamente. E não importa se está frio ou calor, isso não vem ao caso. Não importa se é o pastor ou outro irmão que irá trazer o sermão, o que importa é ouvir. Não importa se está só o violão, ou a banda completa, o que se quer é louvar juntos ao Senhor.

É nesse tempo também que algumas pessoas se pegam pensando: “Quantas vezes tive a oportunidade de estar com os irmãos, mas preferi ficar no sofá de casa vendo minha televisão”. Porque agora o que importa mesmo é a saudade de querer estar, porque sabe que não pode estar.

Por saber que a igreja são as pessoas e não o templo, é que sentimos saudade.
  
Em meio a saudade, nasce a esperança de que logo essa saudade será compensada com a comunidade reunida novamente. Afinal de contas, como bem disse um poeta, “a saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou. Aprovadas foram as experiências que deram alegria”. E como na comunidade que sou pastor há alegria e comunhão, é mais que natural as ovelhas/amigos sentirem saudade. Eu já estou com muita saudade, por isso digo: não vejo a hora de estar com os meus irmãos.

1.4.20

O VÍRUS QUE ATIGE O PLANETA DEU UMA TRÉGUA

É de se lamentar as mortes que o novo coronavírus tem causado com a doença conhecida pelo mundo como COVID-19. Famílias não podem ao menos velar seus mortos. O processo de luto, que é fundamental no momento de dor, não é possível pelo altíssimo grau de transmissibilidade do vírus. Além disso, a sociedade brasileira precisa lidar com a tal “segunda onda”, segundo os especialistas em Economia. Aquela onda gigante que engole empresas, empregos, salários e não respeita classe social, cor da pele ou gênero. Aliás, alguém da OMS lembrou que o coronavírus não tem preferência por pessoas, atinge tanto ricos como pobres. Indubitavelmente os pobres são os que mais sofrem com uma pandemia dessa magnitude.

Ainda que o foco das autoridades de saúde esteja totalmente voltado para a preservação das vidas e setores da economia, por outro lado, esteja fazendo os seus cálculos para saber quanto perde e quanto ganha, tabelando quem paga mais a conta e quem ainda pode lucrar com a tragédia, há algo que não está sendo dito porque também não vem ao caso: o alívio que o planeta Terra vem tendo durante esses meses de isolamento social.

Quem vem suportando há muito tempo um vírus que tem uma capacidade impressionante de letalidade é a Terra. Desde que esse vírus se desenvolveu com seus efeitos predatórios, o planeta não vem tendo tanta oportunidade de respirar como tem tido nesses primeiros meses de 2020. Esse vírus tem tentáculos por todos os lados do planeta e funciona como um parasita que há séculos vem sugando as riquezas naturais como também seus recursos fósseis.

Com o COVID-19, o planeta se viu mais limpo, respirando melhor. Algo que não fazia há muito tempo. O vírus que o atinge está em confinamento e por isso ele se viu mais leve, por enquanto.

Por conta do novo coronavírus, a China fechou suas fábricas e lojas. Com restrições de viagens e o menor descolamento possível, a China viu diminuir drasticamente o consumo de combustíveis fósseis no país. Esse processo produziu uma queda de pelo menos 25% na emissões de dióxido de carbono (CO₂) na China, segundo cálculos de Lauri Myllyvirta, do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, com sede nos Estados Unidos. “A demanda por eletricidade e produção industrial (da China) permanece bem abaixo dos níveis normais, segundo vários indicadores”, disse Myllyvirta em uma análise publicada no portal especializado Carbon Brief, no fim de Fevereiro. “É provável que isso tenha eliminado um quarto ou mais das emissões de CO₂ do país nas duas semanas seguintes ao feriado do Ano Novo chinês”, completa o especialista. O mesmo deve ocorrer agora nos EUA com o isolamento social do país até o final de Abril.

Outro país atingido de maneira violenta pelo COVID-19 foi a Itália. Imagens de satélite que conseguem calcular a incidência de dióxido de nitrogênio, substância formada a partir da combustão, mostram que após um mês de quarentena, os índices de poluição caíram de forma impressionante em toda Itália e, em especial, na região da Lombardia, onde a crise começou.

As ruas estão vazias. Os carros, na sua grande maioria, estão parados. São Paulo não registrou nenhum engarrafamento. Um fato histórico!

O consumo diminuiu e assim diminuiu significativamente o descarte indevido do lixo. Logo, os oceanos e os rios agradecem por não receberem toneladas de plásticos e outros derivados, resultado do alto nível de consumismo. Nos rios de Veneza (Itália), por exemplo, os peixes voltaram a serem vistos. O que não ocorriam há muitos anos porque a poluição da água não permitia visibilidade.

Houve um filósofo que estudou por muito tempo os impactos do capitalismo no mundo (esse vírus propagado pelo bicho “Homem”) e ele dizia que o modo de produção capitalista acabaria destruindo as próprias fontes de sua riqueza: o ser humano e a natureza. O COVID-19 está demonstrando que a humanidade pode ser melhor e o vírus que a infecta há muitos anos, pode ter uma vacina: o cuidado para com o planeta. Caso essa vacina não seja tomada por uma parcela significativa dos seres humanos, o planeta pode querer expulsar a humanidade porque só assim conseguirá expurga esse vírus maléfico. E isso pode acontecer de maneira silenciosa.