28.9.12

AS AGRURAS DO PASTOREIO

Seria muito bom se pudesse chegar a uma comunidade e vermos as coisas prontas. Como isso seria incrível. Mas isso nunca será possível. É assim porque em uma comunidade a matéria-prima são as pessoas, e gente sempre demanda cuidado e tempo.

O pastoreio lida diretamente com as pessoas. E as pessoas são assim: tem potencialidades, frustrações, alegrias, tristezas, qualidades e defeitos. Equacionar tudo isso não é tarefa muito fácil.

Eu invejo àqueles pastores e líderes que gastam a maior parte do seu tempo com cimento e tijolos e medem a frutificação do seu ministério a partir de obras. Seria muito bom se isso fosse possível no meu entender. Eu gostaria mesmo de medir o meu ministério a partir da receita da igreja, bastava cobrar, cobrar e cobrar a igreja; ah como eu gostaria de medir o pastoreio a partir da frequência dos irmãos nos cultos e principalmente nos Encontros Bíblicos de Domingo (EBD). Mas isso não é possível. Seria mais fácil, porque sempre é mais cômodo chamar atenção, prender e soltar, criar regras e estabelecer legalismo como ferramenta de pastoreio, mas isto não tem nada a ver com Jesus.

O pastoreio tem as suas agruras. Jesus teve as suas quando teve que lidar com a rejeição de parte de seus ouvintes porque não entendiam o que ele queria de fato – nada mais do que o senhorio do Reino de Deus; ele teve que trabalhar os seus discípulos porque a maioria deles alimentava apenas o lado político e messiânico do seu ministério; ele teve que lidar com uma Jerusalém, que assim como os profetas do Primeiro Testamento (AT), recusaram o seu pastoreio e ele não pode pastorear àquela gente, cuidar daquele povo, mostrar a eles o rosto materno de Deus assim como a galinha faz com os seus pintinhos. Se eu fosse citar os inúmeros dissabores que Paulo padeceu no seu ministério o texto perderia o seu objetivo. Fico apenas com Jesus.

Lidando com pessoas sempre haverá agruras. E está aí a dinâmica do pastoreio.

Jesus teve uma grande maioria que ouviram os seus discursos, mas poucos se envolveram com a sua pessoa. No ministério pastoral funciona da mesma maneira. Sempre haverá uma porção da comunidade que se liga ao pastor mais profundamente do que outros. Isso é um fato. Assim como Jesus, o pastor deve entender que nem todos gostarão da sua postura; nem todos irão assimilar o seu discurso; nem todos estão propensos a seguir a sua liderança. Mas assim como Jesus também, o pastor não deve concentrar suas forças e energia na direção dos detratores. Isso é gastar um tempo precioso que poderia ser empregado na direção daqueles que querem caminhar junto.

Já faz algum tempo que conversava com um amigo e colega de ministério e ele dizia que gostaria de estar indo para outro lugar a fim de estar tratando dos mesmos problemas, mas com pessoas diferentes. É a pura verdade. Os problemas podem até ser parecidos, mas as pessoas são únicas e essa é a graça do pastoreio – marcar pessoas tendo como ferramentas a pessoalidade, o caráter e o amor, mesmo com as agruras.