17.7.08

A TEOLOGIA DO BOTECO

Em Lucas 16: 1-9 Jesus conta a parábola do Administrador Infiel. Era um homem que roubava dos bens de seu patrão e foi descoberto. Ao ser descoberto ele chama os devedores de seu patrão e cobra destes menos do que deveria e assim ganha a simpatia deles que poderiam apoiá-lo num futuro próximo. Então no verso 8 Jesus elogia, não a desonestidade, mas a astúcia deste administrador, ressaltando que podemos aprender algo com as atitudes de incrédulos.

Veja bem, Jesus não aprova a desonestidade e esta pastoral não é uma apologia e nem julgamento a quem ingere bebidas alcoólicas (apesar de crer que Deus nos chamou à abstinência de álcool!), o objetivo dela é só traçar um curioso paralelo entre o pessoal que fica nos botecos e os que ficam na Igreja! Vamos lá:

Quando está frio o pessoal vai para o boteco “tomar uma” e esquentar, o pessoal da Igreja fica embaixo das cobertas em casa!

Quando está quente o pessoal do boteco vai “tomar uma” para refrescar, o pessoal da Igreja vai passar o fim de semana na praia!

O pessoal do boteco sempre tem um dinheiro para tomar mais uma, o pessoal da Igreja está sempre sem dinheiro para a cantina da Igreja, o dízimo, o passeio com o pessoal, etc...

O pessoal do boteco conversa bastante, o pessoal da Igreja chega atrasado e sai adiantado do Culto e nem cumprimenta ninguém!

O pessoal do boteco vai lá todo dia e quando viaja de férias acha um boteco pra ir. O pessoal da Igreja vem uma vez por semana e quando viaja foge de ir à Igreja, porque afinal está de férias!

O pessoal do boteco quando o amigo ou o parente vai visitar leva ele pro bar, o pessoal da Igreja quando tem visita falta no Culto!

O pessoal do boteco não tem pressa de ir embora, o pessoal da Igreja quer cultos mais curtos!

O pessoal do boteco trabalha durante o dia e encerra o expediente no bar, o pessoal da Igreja falta no Culto porque tem que trabalhar.

O pessoal do boteco quando tem problema em casa, no serviço, de dinheiro, de saúde ou o que for, vai pro bar para “esquecer”, o pessoal da Igreja quando tem os mesmos problemas falta nos Cultos porque tem mais o que fazer!

O namoro, os amigos, o trabalho, os estudos, o jogo de futebol, a família, ter que limpar a casa e lavar o carro, visitar os parentes, ir na festa de aniversário ou descansar não tira o pessoal do boteco, mas tira o pessoal da Igreja!

O pessoal do boteco trabalha duro a semana toda e vai pro boteco, o pessoal da Igreja trabalha duro a semana toda e falta na Igreja!

O pior de tudo: o pessoal do boteco não freqüenta a Igreja, o pessoal da Igreja freqüenta o boteco!!!

Dá para aprender algo com esta “teologia do boteco”?

Pr. Rodrigo de Frias Fontana
Igreja Batista em Sousas, Campinas (SP)

13.7.08

MAIS UM POUCO SOBRE IGREJA

Para muitas pessoas, "igreja" é um lugar aonde ir. Ou uma instituição ou uma organização. Alguém que dizia seguir a Jesus referiu-se assim à igreja: "não tenho mais nenhum interesse nesta instituição". Recebi um e-mail de um ignoto, falando mal da igreja e se despedindo, pois se afastava. Sua carta, além de inconsistente, cheirava a ódio. Respondi a quem me encaminhou o e-mail: "já vai tarde. Não fará falta alguma". Nunca entendeu o que seja igreja.

Mas também recebi bom e-mail de uma ex-ovelha de Brasília, advogada, afeiçoada à nossa família e nós à dela. Ela se lembrava de uma frase que eu disse num sermão: "se você procura uma igreja perfeita, quando a encontrar, não entre nela para não estragá-la".

As pessoas cobram da igreja o que elas não são. É um paradoxo. Igreja não é instituição nem organização, nem lugar. Segundo a Bíblia, "igreja é gente". Quem fala mal dela fala mal de si. E é arrogante, portando-se como se fosse superior aos outros. Não sou um oráculo de Iahweh, mas em 36 anos de ministério notei que os crentes que mais falam mal da igreja são problemáticos. Nunca vi um crente piedoso, engajado, equilibrado, combater a igreja. Só os insubmissos, amargos e desagregadores. Que quando saem, a igreja melhora.

Os críticos da igreja são críticos do corpo de Cristo. Há pessoas que têm uma visão de cristianismo muito pessoal, para a qual querem adesão. Não a tendo, se revoltam e acham que todos estão errados. Cobram de outros o que elas não dão: perfeição moral, vida amorosa, absoluta integridade espiritual.

A igreja é um grupo de pessoas que provou a graça de Deus em Jesus, creu nele, comprometeu-se com ele e o segue. Não é perfeita. Deus não terminou sua obra em nós. Temos falhas e somos imperfeitos. E precisamos uns dos outros. Não existe cristianismo privado. O cristianismo exige compartilhamento e mutualidade. A igreja é um grupo de pessoas com suas vidas interligadas em Cristo, procurando viver em solidariedade e apoio espiritual.

A igreja precisa de amantes, não de apedrejadores. Ame a igreja.

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastor da Igreja Batista do Cambuí – Campinas/SP

Publicado no "O Jornal Batista" - 02/03/08

SOMOS DIFERENTES?

Conheço pessoas, e você também deve conhecer, que pratica coisas que discordamos e que achamos um absurdo. Alguém que compra algo mas não paga; alguém que sempre busca levar vantagens em tudo; discute com alguém e fala palavras horrendas para a outra pessoa; alguém que passa anos sem conversar com a outra pessoa porque em algum momento ela foi magoada e ofendida, e como não têm a prática de pedir desculpas ou perdão, fica ruminando aquilo por anos. Você deve conhecer pessoas assim. Na sua maioria são pessoas que não tiveram uma experiência com Deus por meio de Jesus Cristo, e para elas não faz a menor diferença fazer o contrário ou pensar diferente.

E nós, membros da Igreja que postulamos uma fé e afirmamos com o nosso hábito de vir ao templo de que participamos do Corpo de Cristo e que portanto temos uma "experiência" com Deus por meio de Cristo, somos realmente diferentes?

Em um dos textos do evangelho de Mateus, é nos apresentado uma ética ou um comportamento que deveria exceder ao daquelas pessoas que não têm um relacionamento com Deus. "Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam uma recompensa de Deus? (...) Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que fazem de mais?" (Mt. 5,43-48 - leia o texto inteiro).

Parece que não somos tão diferentes dos outros, que costumamos chamar de "incrédulos". Quando não gostamos de um irmão não falamos com ele, ainda mais se ele nos "ofendeu" de alguma maneira. Ele passa a não mais merecer a minha mão, nem mesmo os meus olhos em sua direção. E não há diálogo porque uma pessoa (irmão) assim não se pode conversar.

É sempre mais fácil conversar com quem não têm problema nenhum; amar alguém em que não há nenhum tipo de conflito. As pessoas que não postulam a mesma fé que nós fazem isso de uma maneira bem tranqüila, afinal de contas elas não têm Cristo como referencial de vida.

Estou me convencendo de que não somos diferentes. Às vezes fazemos a mesma coisa que aqueles que não conhecem a Deus, aliás se fazemos a mesma coisa, será que conhecemos este Deus apresentado por Jesus - tenho dúvidas. Acredito que seria mais sensato admitir de que não somos tão diferentes daqueles que não estão na Igreja, e que por isso não precisamos disfarçar uma "comunhão" medíocre e pecaminosa - pois é isso que é - quando participamos do Corpo de Cristo (Ceia do Senhor) e não reconhecemos aquele irmão como parte da comunhão o ignorando.

Amamos quem nos amam; falamos com quem são nossos amigos; e quem não é... dá licença! Porque por algum momento a pessoa deixou de ser digna do meu sorriso, aperto de mão e de um olhar. Se for assim não sei o que Cristo representa para nós - Cristo? Quem é este?

O que vemos são pessoas acostumadas com a Igreja e com a rotina do culto. É gente fria com Deus e imperceptíveis ao seu mover, mas se apega ao vir ao templo e isso basta. A reunião dos santos já não produz nenhum significado vivo. Senta-se no mesmo banco, pensa-se da mesma forma e age da mesma maneira sempre. Por isso a incapacidade de agir diferentemente daqueles que não conhecem a Cristo, se é que um dia o conheceram.