1.9.08

CORAÇÃO DE PASTOR

Homenagem ao Pr. Natanael Gabriel da Silva pela posse na Igreja Batista Central em Sorocaba, 23.08.2008.

Quem é pastor não consegue ficar longe de gente, de igreja. É algo inseparável: igreja-pastor.

Em algum momento da vida decidiu por uma vocação que não veio por meio dos cursos de bacharel, pós-graduação, mestrado e doutorado. Ela surgiu de uma experiência viva com Deus; um sentimento que invade a alma e impulsiona para ir além e servir aos propósitos do Reino de Deus cuidando de pessoas.

A vocação para ser pastor acontece em um momento que nem mesmo dimensionamos o que seja propriamente, apenas vivenciamos aquilo e acreditamos que é o correto a fazer. Não tem explicação; não tem teorias; não tem tratados teológicos; apenas tem sentimento e desejo de ser chamado por alguém que procura gente como a gente para cuidar de gente. É mais pathos que logos. Schleiermacher tinha razão: a essência dessas coisas não esta num como fazer ou num como pensar, mas no simplesmente sentir. Este sentir não tem um porquê, apenas é. Os profetas do Antigo Testamento experimentaram este sentir, relutando em não aceitar, um alegou que não sabia falar (Moisés) outro colocou a incapacidade na juventude (Jeremias), mas ambos foram compelidos por Deus para aceitar cuidar de gente.

Ser pastor é se entregar, doar-se. É se lançar para algo inesperado, que não se pode controlar e planejar. É estar aberto para sentimentos contraditórios. É agir como o profeta Jeremias (20,7) muitas vezes: “fui enganado? Era para ser assim?” Briga, fica zangado com Deus, mas também o ama, o louva e o adora. Quem vai entender? Pode querer largar tudo e seguir outro rumo, mas a chama que consome seu coração não o deixa pensar em outra coisa senão ser pastor (Jr 20,9). O estar com as pessoas, falar e ouvir, ensinar e ser ensinado enche o pastor de regozijo.

Pastor tem problema de coração. Ele não propriamente escolheu, mas é pastor. Corre um sério risco de ficar solitário mesmo cercado de pessoas, mas é pastor; pode viver a alegria de um casamento e a tristeza de um culto fúnebre em minutos, por isso ele é pastor; acordar de madrugada para atender ao telefone e do outro lado esta alguém chorando e desesperado pedindo socorro, quando não chega à sua porta, isso o torna pastor. Ele é pastor, se pensar bem até não queria ser, mas é. E tem um orgulho danado de ser e se pudesse não seria outra coisa senão pastor.

Coração de pastor é muito grande. Sempre cabe mais um para dar carinho, atenção, chamar atenção. É coração de mãe e pai, como diria Paulo (1Ts 2,7-12). Coração de pastor é assim: consola; exorta; alegra-se com as conquistas; chora com as derrotas que a vida reserva; ri das bobagens faladas na roda de amigos/ovelhas; dá uma palavra de conforto e otimismo; ora junto; lê a Bíblia junto; come junto; vive junto.

O Pr. Natanael tem um coração de pastor. É alguém que prefere servir a ser servido, amar a ser amado, dar a receber, perdoar a ser perdoado. É alguém que valoriza mais as pessoas que os programas e estratégias; é alguém que olha mais para o ser humano do que para as regras. É um pastor que só pode ter problema de coração, porque ama muito, muito mesmo.

“Amar sempre significa ser vulnerável. Ame algo, e seu coração com certeza se contorcerá e se quebrantará” C. S. Lewis.

Parabéns pelo seu novo ministério,

Pr. Alonso Gonçalves, Igreja Batista Memorial em Iporanga/SP

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