3.7.12

“CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS”: OBSERVAÇÕES QUANTO AO AUMENTO DOS “EVANGÉLICOS” NO PAÍS

O IBGE divulgou dados do último censo e nele os denominados evangélicos saltou de 15,4% da população brasileira em 2000 para 22,2% em 2010. Isso é bom! Que ótimo! Isso significa que os “evangélicos” logo serão maioria – comemoraram alguns.

Em outro texto, neste blog, justifiquei – antes mesmo de Ricardo Gondim – o meu distanciamento da nomenclatura evangélico por entender que ele não cabe mais como mediador de sentido.

Mas diante dos novos dados do IBGE, gostaria de tecer algumas considerações quanto às implicações do crescimento dos evangélicos no país. Embora saiba que há pouquíssimos leitores deste blog (nem todo mundo gosta de ler bobagens – risos) aponto algumas coisas que considero pertinentes para o debate.

- A igreja evangélica cresce sem maturidade espiritual. Não há uma preocupação com um crescimento significativo na vivência cristã e seus desdobramentos em cidadania. São poucos os evangélicos, por exemplo, que esmeram em conhecer a Bíblia. Há uma hermenêutica sendo produzida na televisão, onde pessoas acatam o que o pastor, bispo ou apóstolo televisivo falou como se fosse um fato inquestionável. A falta de maturidade levam pessoas a contribuir com seus bens para que um império, erguido em nome da fé, seja cada vez mais abastecido e possa continuar na concorrência com outras denominações. Essa prática é bem mais visível no segmento neopentecostal e ainda bem que o próprio IBGE já faz a diferença entre os segmentos dividindo católicos, protestantes (históricos), pentecostais e neopentecostais.

- Não há um entendimento de que a igreja tenha um papel missionário holístico para a sociedade brasileira. As denominações não entram em acordo quanto a isso. Enquanto um está preocupado em como arrebanhar empresários para as suas reuniões, outras estão em busca de promoção própria. Não há missão, sim competição; não há uma clara concepção missionária no sentido de evidenciar os valores do Reino de Deus na sociedade, há proselitismo.

- Esses números, infelizmente, irá abastecer o marketing de alguns personagens do cenário evangélico. Os números servirão para que a Rede Globo coloque mais personagens evangélicos em suas novelas e contrate o maior número possível de artísticas do mundo gospel para a sua gravadora, a Som Livre. Isso porque o Jesus gospel está em alta. Há um comércio altamente lucrativo usando a marca Jesus. É um Jesus de vitrine, onde as pessoas se relacionam com ele através dos produtos. O Jesus gospel é badalado; ele é aclamado; pula-se nos estádios por ele; compram-se inúmeros produtos dele; há marcas de roupa, cosméticos e até mesmo celulares dele. Não é discipulado. Não é seguimento do Reino. É um Jesus para curtir.

O número de evangélicos pode até ser superior em 2050, mas tenho as minhas dúvidas se teremos uma igreja nos moldes do Segundo Testamento (NT).

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