21.6.12

I CONGRESSO DE ECLESIOLOGIA - CBESP

Alonso Gonçalves[1]
Membro da Comissão do I Congresso de Eclesiologia (CBESP)

Pensar a igreja é sempre um desafio, ainda mais neste tempo em que assuntos como crise institucional, secularização e globalização são recorrentes na sociedade. Aliar a identidade denominacional e relevância na sociedade é um dos grandes desafios da igreja contemporânea. O I Congresso de Eclesiologia promovido pela Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP) aceitou este desafio e procurou promover a reflexão, levantar questionamentos e provocações sobre um tema tão peculiar para os batistas – igreja.[2]

Para gerar uma reflexão que não fosse tendenciosa, a escolha dos palestrantes contou com Israel Belo de Azevedo,[3] Isaltino Gomes Coelho Filho[4] e David B. Riker.[5] Cada um abordou alguma faceta da realidade eclesial. Israel falou sobre O que é igreja e sua missão em relação a Deus, o mundo e a ela mesma; Isaltino O governo da igreja e as lideranças eclesiásticas; Riker O culto e os seus princípios. Dentro de cada perspectiva as palestras foram direcionadas a fim de instigar, refletir e provocar reações. A tarefa da Comissão[6] do I Congresso de Eclesiologia foi colher as palestras e pontuar temas que são pertinentes à realidade eclesiástica do Estado de São Paulo. Dentro desse intento apresento minhas reações ao que foi abordado e aponto temas que merecem ser considerados, a partir de observações pessoais.

Israel Belo de Azevedo abordou temas que mexem com alguns paradigmas que estão impregnados no imaginário Batista como: disciplina na igreja; liderança feminina; recebimento de pessoas como membros que vivem em união estável; cooperação Batista; prospectivas quanto ao futuro da CBB. Israel mostrou de como os Batistas, ao longo da sua história, preservou os seus princípios e esses não podem ser esquecidos e nem mesmo desvirtuados, embora alguns já tenham sido como foi o da autonomia. A natureza plural dos Batistas, a facilidade de assimilar coisas contemporâneas (como foi o caso da liturgia) e a autonomia da igreja local, são pilares de uma identidade Batista que não podem ser ignorados quando se entra em diálogo com a sociedade. Por outro lado a Missão Integral (= Reino de Deus) da igreja precisa ser uma prioridade. No seu entender não cabe mais a igreja querer fazer ação social visando o proselitismo. Essa insistência se dá devido ao landmarkismo continuar vivo no substrato Batista.

Isaltino Gomes Coelho Filho abordou as diferentes compreensões que o Novo Testamento traz sobre a figura do pastor. Fazendo uma leitura bíblica sobre os conceitos de bispo, presbítero e pastor, Isaltino demostra que a liderança eclesiástica no Novo Testamento é plural, nunca definida plenamente, embora haja elementos que indiquem uma institucionalização da função pastoral nas Cartas Pastorais; a liturgia recebe influencia da sinagoga havendo, portanto, no Novo Testamento a essência do culto e não a imposição de uma única maneira ou forma de cultuar.

David B. Riker pensou o culto e seus princípios. Embora fosse nítido a sua dificuldade em traçar uma linha argumentativa para definir o que seja culto pela perspectiva bíblica e teológica, o reitor do STBE procurou definir culto a partir de conceitos etimológicos e não de ajuntamento tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Assim procedendo, ele quis delinear três momentos do culto – o que cultuar, a quem cultuar e como cultuar. Fazendo uma leitura principalmente dos conflitos enfrentados por Paulo em Corinto, o preletor alegou, dentre os seus princípios gerais do culto – que contou com o amor, edificação, reverência, inteligibilidade – o princípio que provocou questionamentos foi o da autoridade, onde o preletor defendeu, com base em 1Co 11, que a proeminência no culto deve ser do homem e a mulher sendo coadjuvante.

De um modo geral as reflexões serviram para fomentar ideias e começar a discutir conceitos e problemas. A iniciativa da liderança da CBESP foi ótima, pois criou uma oportunidade de se ter um fórum de debates com temas que, de fato, estão na agenda das igrejas.


Importante:
O texto com as considerações e reações da Comissão sairá em breve.

[1] Pastor da Igreja Batista Memorial em Iporanga/SP – Vale do Ribeira.
[2] Evento que ocorreu no dia 16 de Junho no Salão Nobre do Colégio Batista Brasileiro – Perdizes/SP.
[3] Pastor da Igreja Batista em Itacuruçá/RJ.
[4] Pastor da Igreja Batista Central de Macapá/AP.
[5] Reitor do Seminário Teológico Batista Equatorial, Belém/PA.
[6] Os membros dessa Comissão são os pastores: Alonso Gonçalves,  Antonio Lazarini Neto e Carlos Eliseu Dias da Rocha (Relator). 

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