13.4.12

UNIDADE E NÃO UNIFORMIDADE

Mais uma vez a Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP) promove um dia, 15/04, para Celebrar a Unidade Batista no Estado. A meu ver é uma ótima iniciativa a campanha dado o fato de que os Batistas, por conta do seu sistema de governo, são independentes e faz bem se sentir parte de um todo, mesmo que seja por uma noite de domingo.

Considero importante esse momento – relembrar a história e reafirmar os Princípios – pela oportunidade de lembrar de que os Batistas não surgiram na história do Cristianismo no século passado, nossa história é datada desde 1609, portanto são mais de 400 anos de história. A oportunidade é salutar devido ao número imenso de pessoas que são membros de Igrejas Batistas que desconsideram a origem, os princípios e as bandeiras distintivas dos Batistas ao longo dos anos.

Mas por outro lado é bom ressaltarmos alguns pontos que em tempos são esquecidos ou, na melhor das hipóteses, não são lembrados. Considero alguns aqui.

Uma das características dos Batistas foi à luta por liberdade religiosa e de opinião (Thomas Helwys). Os Batistas nasceram dentro do sistema filosófico inglês – o liberalismo – e um de seus expoentes mais proeminentes foi John Locke. O clamor por liberdade foi um marco na história do Cristianismo inglês que lutou, até a morte, principalmente Helwys, para ter a liberdade de cultuar e vivenciar a religião da melhor maneira possível sem a tutela do Estado (rei). Os Batistas não nascem a partir de uma revelação miraculosa de alguém dotado de algum dom sobrenatural. Surgem a partir de questões políticas e teológicas. Portanto os Batistas, num primeiro momento, não têm tendência ao fundamentalismo e nem mesmo reivindica serem paladinos de um discurso “verdadeiro”. Pelo contrário, o movimento das igrejas livres na Inglaterra procurou o caminho do ecumenismo (Zaqueu Moreira de Oliveira, Liberdade e exclusivismo – ensaios sobre os batistas ingleses) sendo Guilherme Dell um dos percussores do movimento ecumênico inglês.

Acredito que seríamos diferentes – nós, os Batistas brasileiros – se ao invés dos norte-americanos, nossos missionários fossem os ingleses. Indubitavelmente seríamos mais integrados à cultura brasileira e abertos ao diálogo com o diferente.

Mas mesmo assim, não sendo os ingleses e sim os norte-americanos, é no mínimo incompatível com o espírito Batista ver pessoas ou instituições advogando para si o domínio do discurso eclesiástico ou teológico. É extremamente deprimente ver uma instituição teológica negar aos seus alunos a diversidade de pensamento, de opinião ou ponto de vista divergente sobre questões teológicas por exemplo. Os Batistas – para citar Torbert – são “livres para divergir”. Não há uma ortodoxia Batista. A opinião de alguém sempre será de um indivíduo e não de um grupo, nunca representando a coletividade.

A liberdade é uma bandeira distintiva dos Batistas ao longo da sua história. A unidade, por meio da cooperação, é uma característica. Mas a uniformidade de pensamento, eclesiologia e teologia são inadmissíveis. Unidade não quer dizer uniformidade. Essa é a graça de ser Batista.

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