16.7.09

ESPÍRITO E VIDA

O Espírito Santo em Jürgen Moltmann

Minhas leituras em J. Moltmann tem modelado minhas perspectivas teológicas nas diversas áreas: Deus, Jesus Cristo, Reino de Deus, Igreja, Ecologia e Espírito Santo. Dentro deste último tema, J. Moltmann desenvolveu uma teologia da vida que tem no Espírito Santo a razão de ser. Escreveu: O Espírito da vida: uma peneumatologia integral. Petrópolis: Vozes, 1999; outro texto menos elaborado teologicamente para alcançar o grande público, foi A fonte da vida: o Espírito Santo e a teologia da vida. São Paulo: Loyola, 2002, com alguns artigos inéditos. Com uma perspectiva ecumênica, J. Moltmann articula sua peneumatologia a partir de várias fontes teológicas. Além de utilizar fontes evangélicas, ele abre um profícuo diálogo com a Igreja Oriental e, principalmente, a mística judaica, além, de assumir alguns conceitos da filosofia da vida.

No nosso contexto, o tema Espírito Santo, sempre foi controverso. A teologia reformada não dispensou uma atenta atenção para o assunto, alguns manuais de sistemática nem se quer menciona a temática. Com a chegada dos pentecostais, as coisas ficaram ainda mais no campo da animosidade. Com um discurso carismático, os pentecostais alegavam/alegam vivenciar a plenitude do Espírito Santo e sua evidência era o “falar em línguas”, é claro que este não é o único critério de avaliação deste grupo religioso, mas o principal elemento identitário. O Espírito Santo foi o principal meio de divisão entre as denominações históricas, logo ele que é responsável pela unidade da igreja. No ambiente pentecostal a liturgia gira em torno do Espírito Santo, o culto é o espaço para a sua manifestação e veículo social amenizador de sofrimentos. Os protestantes históricos ainda relutam com o tema e qualquer manifestação que fuja da normalidade em sua liturgia é considerada estranha.

Com J. Moltmann há um novo paradigma para se pensar o Espírito Santo, não mais no campo das emoções (pentecostais) ou puramente doutrinário (protestantismo histórico), mas no processo da vida política, social e ecológica. O próprio J. Moltmann crítica a completa ausência do movimento pentecostal com as questões que envolvem a todos como a política e a ecologia. Ele não concebe um Espírito outorgado fugindo dos conflitos do mundo e se encasulando numa religião ilusória.

O Espírito da Vida tem como missão promover a vida. Foi por este motivo que Deus nos enviou o seu Espírito, para promover e preservar a vida. Dentro desta perspectiva, a missão não é a expansão da fé cristã a partir do proselitismo, mas a paixão pelo Reino de Deus. O Espírito Santo envolve a vida e sua renovação. J. Moltmann faz questão de ficar com o termo hebraico para espírito, ruah, que quer dizer fôlego da vida de Deus. Daí a sua concepção de que o Espírito Santo não pode ficar enclausurado na economia da salvação, mas também numa economia ecológica da salvação. A sua peneumatologia parte de que a criação é obra de Deus e que, portanto, deve-se entender o Espírito Santo no mundo criado, portanto, é legítimo dizer que J. Moltmann tem uma peneumatologia ecológica. A vida é amada por Deus e o seu Espírito está em toda a sua criação, sendo assim a igreja deve engajar-se em promover a vida. Para J. Moltmann, o Espírito Santo não esta limitado à igreja e seu horário de culto, ele pertence ao mundo, e na teologia latino-americana, a igreja torna-se sinal da ação salvífica do Espírito Santo no mundo.

Um comentário:

Joel Jr. disse...

Missão Integral na veia! srsrs