1.7.09

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE OU MISSÃO INTEGRAL: UMA BREVE COMPARAÇÃO

As duas correntes teológicas não têm nada a ver uma com a outra. A primeira “pegou” e a outra nem se quer chegou a sair do berçário.

Interessante pontuar algumas diferenças entre essas duas correntes. A teologia da prosperidade é notória no meio neopentecostal. O discurso vitorioso, a confissão positiva, a bênção mediante barganhas, a fé para ser vitorioso na vida financeira e física etc., não vale muito a pena alongar esta lista. Como não sou sociólogo da religião, mas curioso, arrisco-me em apontar, ainda que dentro de um olhar leigo sobre o tema, algumas pistas do porquê teologia da prosperidade e não missão integral.

Pesquisadores do tema, teologia da prosperidade, vão colocar seu surgimento nos Estados Unidos, e seu principal expoente, Kenneth Hagin entre outros. De lá saíram várias aberrações teológicas como Benny Hinn e diversos modismos apareceram com clara intenção de exportação. Como toda teologia é fruto de uma cultura, a teologia da prosperidade não poderia ser diferente. A potência responsável pela estabilização econômica do mundo, e por meio das armas e ideologia pressionar nações, há muito tempo se comporta como a “polícia do mundo” e conseguiu por meio de sua moeda e filmes impregnar o Ocidente com a sua cultura e modo operacional econômico. Pragmáticos, donos da verdade absoluta, fundamentalistas em quase todos os assuntos, os Estados Unidos passa uma imagem de opulência financeira e defensores do capitalismo selvagem neoliberal. Não é por acaso que a crise econômica mundial teve sua origem lá. Diante desse quadro, só poderia mesmo vir de lá a teologia da prosperidade.

No Brasil a febre pega lá pelos anos 70. Com a igreja brasileira sofrendo profundas mudanças, os líderes pentecostais importam o produto; assimila a sociedade de consumo; adéqua a mensagem ao mercado empresarial e formula um discurso triunfalista, repleto de prescrições como andar no sal grosso, passar pela “porta”, a campanha dos 318 pastores etc. Seus partidários são: R. R. Soares, Edir Macedo, Valnice Milhomens entre outros.

Os evangélicos dão ao mundo uma postura diante das mudanças que estavam acontecendo: o Congresso Mundial de Evangelização em Lausanne, 1974, que deu origem ao Pacto de Lausanne, cujo relator foi John Stott, eminente teólogo inglês. Combustível para o que seria a missão integral no continente latino-americano, teólogos como Orlando Costas, Samuel Escobar e René Padilla, formularam uma teologia holística para as necessidades do continente. É claro que missão integral sofreu diversas acusações quando equiparada com a teologia da libertação – ela seria uma adaptação evangélica da teologia da libertação e que por isso não teve impulso o suficiente para sair do berço. De fato ela não teve bases para se desenrolar, ou seja, ela não teve povo para digeri-la. Missão integral ficou nos livros, que por sinal são bons do ponto de vista metodológico e teológico, nos congressos, nas revistas. Com a teologia da libertação, da qual sou um partidário convicto, foi diferente, esta teve povo, as chamadas Comunidades Eclesiais de Base. Com as reuniões do CELAM em Medellín e Puebla, ela ganhou força mesmo sendo bombardeada pela Santa Sé e sua Congregação para a Doutrina da Fé. Com um discurso teológico impregnado pela práxis libertadora, a teologia da libertação ganhou proporções mundiais. As semelhanças com a missão integral são claras: o que fazer diante do avanço do capitalismo neoliberal desumano? René Padilla, já em Lausanne, fez duras críticas ao imperialismo norte-americano, propondo, entre outras coisas, a rejeição do cristianismo com o famoso slogan norte-americano: “american way of life” (maneira americana de vida).

Missão integral: Reino de Deus e seus valores holísticos; uma comunidade que alimente o espírito coletivo de mudanças concretas; uma mensagem que seja “o evangelho todo, para o homem todo”; uma evangelização que tenha na sua agenda não apenas assistencialismo social, mas postura profética e comprometida em mudar realidades.

Teologia da prosperidade: sofrimento é coisa do diabo; a fé serve para conquistar bênçãos; todo o crente deve reivindicar prosperidade, a ausência dela significa falta de fé; a enfermidade é sinal de pecado; o mundo e tudo que nele há esta aí para ser conquistado.

Não dá nem para comparar.

2 comentários:

Pedro disse...

Como teólogo, vejo que uma crítica à teoria da prosperidade tem que voltar ao contexto do evangelho pregado por Jesus que contemplava uma libertação completa (espírito, alma e corpo). O evangelho de Jesus era um evangelho de Poder (material e espiritual), caso contrário não teria sentido a voz do versículo “na sua presença há plenitude de alegria” “vim para os cansados e oprimidos” “alívio para vossa alma”... Como, então, pode o oprimido encontrar alívio em Cristo e continuar oprimido, não tendo um pão para dar ou não ter um real para comprar um danone para seu filho? Que alívio é este? Jesus pregava a dignidade de vida. Não concordo com a pregação de milhões, carrões e outros exageros, no entanto Jesus teve compaixão da multidão que sofria e não tinha o que comer (pensou no imediato). Penso que temos que pregar um Jesus que transforma terra árida em lugares férteis e não somente um Jesus que voltará para buscar um povo pobre e sem dignidade de vida. Chega da teoria do sofrimento dos anos setenta, onde o crente para ser salvo tinha que não ter o que comer.
Não concordo, também, com a crítica “aberração teológica” referindo-se a Benny Hinn, pois o teólogo Paulo de Tarso nos disse que de uma maneira ou outra o Evangelho ia ser pregado, com Poder ou sem poder. Ele, Paulo, seguiu o exemplo de Jesus (Quem não é contra nós é por nós). Paulo imitava Jesus e deixou: “imitem a mim que imito a Cristo”.
Não critico Soares, Santiago, Macedo, Terra Nova, porque pregam o evangelho de sinais (Marcos 16.17/18). A Bíblia diz que a palavra de Deus não passa, desta forma estes versículos tem que cumprir nos nossos dias. A palavra é completa. Os sinais acompanharão àqueles que crêem. Nós cremos ou não em um Jesus poderoso?
A teoria da prosperidade não iniciou em K.Hagin e sim no início do século passado com Kenyon, Wigglesworth, Price e outros precursores. Hagin foi apenas um intérprete de outros. No Brasil temos a história do teólogo e Apóstolo René Terra Nova, formação tradicional Batista (informe-se sobre ele). A frase do teólogo Kivitz, defensor da teologia relacionista, Batista Tradicional, “um evangelho todo para um homem todo” é incoerente, porque se é o evangelho todo há que se acontecer o que está escrito em Marcos 16.17/18, Lucas 10.18, Hebreus 13.8., ou o evangelho somente é em partes, anulam-se os sinais e poder e seguem apenas a “espiritualidade”. Por que existem tantos maçônicos dentro das principais Igrejas Batista da Capital, se é para o homem todo porque estes não abandonaram o secretismo, ocultismo a semelhança de Atos 19.19 e somente os pobres têm que abandonar os cultos afros.
Não concordo também dizendo que o evangelho de poder é domínio americano de seu modo de vida aos explorados, por que culpam os americanos e não culpam os portugueses por seu cristianismo da opressão (pobres sempre pobres, negros sempre escravos e assim por diante). Há exagero no modo “way american” porém não se podem culpar os americanos por tudo e por todos, temos o evangelho pregado no Brasil e no mundo porque eles acreditaram e pregaram seu modo de vida.
Ainda, quanto à teologia da libertação, que não liberta ninguém, outro dia vi seu criador, o pensador “Boff” defendendo os homossexuais como prática normal e como discriminados e defendendo também a PL 122. Não é por movimentos sociais que a sociedade será transformada ou se libertará, mas somente pelo poder de Deus (Tito 3.5).
Concluindo, analiso que alguns seguem os ideais de certos pensadores que acreditam na mudança de vida pelo conhecimento intelectual, num mundo que tudo é relativo, até mesmo Deus, como pensa Kivitz, Godim e outros que procuram impressionar apenas por palavras, deixando de lado o cristianismo transformador de Jesus, onde o evangelho é completo (sinais, poder, remissão, vida eterna, dignidade, transformação...) para o homem completo (espírito, alma e corpo).
Seremos controlados ou por Satanás, ou pelo eu, ou por Deus. O controle de Satanás é a escravidão, o controle do eu é a futilidade, o controle de Deus é a vitória e a libertação.

Ana claudia disse...

OLá, Graça e Paz! Passando para conhecer seu espaço e quanto ao artigo, quero deixar o meu comentário, ok?rsrs
Acredito que os líderes religiosos de hoje tenham uma revelação de quem Jesus é, mas ainda assim não escolhem andar no caráter e na humildade de Cristo. Sei que todos nós temos desvios de caráter, faz parte da nossa humanidade. Mas não podemos seguir construindo o ministério em cima de orgulho, de autoconfiança. Precisamos buscar a transformação do caráter. Infelizmente vemos hoje líderes edificando seus ministérios em cima da "soberba da vida", quando Paulo diz em (I Corintios 3:10) que devemos ser prudentes na edificação do fundamento de Cristo.
Se quiser nos visitar será uma alegria.
blogdamuçlhercrist.blogspot.com