6.11.08

"EU TENHO UM SONHO"

O mundo parou para ver a eleição norte-americana. Os jornais noticiam a vitória do democrata Barack Obama sobre o republicano John McCain. O mundo festeja a conquista de um negro filho de imigrante na chamada “terra das oportunidades”. A nação comparece em peso às urnas num país em que o voto não é obrigatório. Sentiram a urgência do momento e a possibilidade de fazer história.

Obama tem pela frente um Estados Unidos que colecionou inúmeros inimigos ao longo dos anos com sua política externa e sua pretensão de ser a “polícia do mundo”. Conta, ainda, com o desafio de enfrentar uma guerra causada por um único homem, o desastroso Bush; uma crise financeira que supera a de 1929; além, é claro, de ser estigmatizado pela sua cor.

Obama no seu discurso da vitória em Chicago, Estado de Illinois, agradeceu à sua família, em especial a esposa, aos voluntários de sua campanha, e, principalmente, a todos os norte-americanos que acreditaram que seria possível aquele dia. Lamentou a ausência de sua avó materna que gostaria de ver o neto presidente. Durante toda a sua campanha, Obama procurou a integração do país afirmando que não havia brancos, negros, mas os Estados Unidos. Passou uma mensagem de esperança e alimentou o sonho de muita gente que enxergou nele um messias.

Barack Obama é o resultado do empenho, esforço e paixão de um homem que um dia disse “eu tenho um sonho”. Martin Luther King Jr: nascido no dia 15 de janeiro de 1929 em Atlanta, Geórgia; ordenado pastor batista no dia 25 de janeiro de 1948. Sua trajetória é marcada pela luta contra a segregação racial e defesa da dignidade humana.

Na América de Luther King Jr, a segregação racial era legitimada por leis abusivas. Negros eram segregados em ônibus, lojas, restaurantes, parques, banheiros etc. É contra isso que Luther King Jr luta no caso da senhora Rosa Parks que é presa porque recusa a dar seu lugar no ônibus a um jovem branco na cidade de Montgomery. Líder natural dentro da comunidade, Luther King liderou o boicote aos ônibus da cidade.

A marcha pela liberdade culmina na “marcha dos negros” no dia 28 de agosto de 1963. Fazem exatamente 45 anos do seu discurso no Capitólio em Washington diante daquela multidão. Na capital daquele país ecoa o famoso “I have a dream (eu tenho um sonho)”. O sonho de Luther King Jr era ver “uma sociedade em que as pessoas não são avaliadas pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter”. Alguém que vivenciou a violência de radicais racistas da Ku Klux Klan; cresceu e estudou no sul do país, região escravagista.

Obama agora é ícone de esperança e depositário de sonhos de seu povo. Se hoje ele pode dizer que é possível mudar, é porque Luther King Jr ousou dizer: “eu tenho um sonho”. Em abril de 1968 é assassinado por querer tornar este sonho realidade. Depois de 40 anos ele é concretizado na pele escura de Barack Obama.

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