3.10.11

A SUBCULTURA EVANGÉLICA

A sociologia define subcultura como um grupo de pessoas com características distintas de comportamentos que os diferenciam de uma cultura mais ampla da qual elas fazem parte. Neste caso as tribos que compõem a estratificação da juventude na cidade de São Paulo é uma subcultura, onde os partidários do punk, do hip-hop e dos góticos vivem um comportamento diferente do restante da sociedade. O que os diferenciam são: a linguagem, a roupa e suas atitudes.

No universo “evangélico” há uma subcultura que confronta a cultura dominante. De um modo geral, o protestantismo sempre teve problema com a cultura. Principalmente porque uma das matrizes culturais do País é o catolicismo, e o protestantismo, para acentuar a sua identidade, fez questão de se opor ao catolicismo. Com isso houve um distanciamento da cultura brasileira. O prejuízo desse distanciamento foi à completa separação da igreja com a cultura do lugar, uma vez que “conversão” se compreendeu como separação do indivíduo com o seu ambiente vivencial. Por conta disso até hoje o pastor é procurado para ser juiz em determinadas situações que ultrapassam os muros do templo. Os questionamentos são: os adolescentes podem ou não participar de festa junina na escola; podem fazer tatuagem e usar piercing; podem ir ao “baile” da cidade. É pecado ou não? A dança, por exemplo, é colocada como pecado e anormal para cristãos, ignorando o fato de haver inúmeras celebrações no AT e NT onde a dança é um tema comum na cultura israelita. Até pouco tempo atrás o cinema era demonizado em muitas denominações e ainda há resquícios disso hoje.

Sobre o carnaval, lembro-me de que uma Igreja Batista do Estado de São Paulo saiu em carro alegórico. As críticas foram aterrorizantes! Particularmente não sou fã do carnaval, embora fique admirado com a criatividade e com alguns temas escolhidos, mas não me agrada a conjuntura do evento, mas isso sou eu, nem todos, por exemplo, ouvem ou já ouviram Beethoven, Mozart, Chopin ou Bach, é uma questão de estilo musical. Mas daí demonizar, é outra história. O carnaval não deixa de ser um evento cultural.

Quando o assembleiano considerado “herege” no meio pentecostal Ricardo Gondim escreveu o texto É proibido: o que a Bíblia permite e a igreja proíbe (Mundo Cristão, 1998), ele destacou as inúmeras proibições que a sua denominação, mais especificamente, pregava no povo. Coisas como cortar cabelo, jogar bola, pintar as unhas e outras idiotices. De pensar que alguns anos atrás os assembleianos demonizavam a política e a TV, e hoje não vivem sem os dois. Perceba como os conceitos mudam. TV era o Baal eletrônico e política era coisa do diabo, e hoje?

Ocorre que essa ênfase exagerada se deve também porque se enfatizou demasiadamente a regeneração e a santificação, não como transformação de vida, mas como comportamento. O comportamento nesse caso se tornou a chave hermenêutica para a fé e para dizer se fulano é cristão ou não. Sendo assim o não fumar, por exemplo, não é porque faz mal a saúde, mas porque é pecado.

Um dos prejuízos dessa subcultura evangélica é a falta da poesia, da boa música popular brasileira, da literatura de qualidade que não são apreciadas no universo evangélico. Infelizmente.

2 comentários:

nanaipo disse...

é pastor muitos falam q a biblia é seu guia mas em alguns casos a deixão de lado por que fica mais facil criticar e proibir as pessoas de fazer isso ou aquilo.
um abraço

Anônimo disse...

Valeu pela participação.
Alonso