18.7.11

CONSTRUIR COMUNIDADE

Algumas ideias que compartilhei com a Igreja Batista Memorial em Itapetininga neste domingo (17/07), uma igreja alegre, dinâmica, com uma liderança jovem e um grande potencial. Valeu a pena ter conhecido essa gente.

A nossa cultura, para seguir algumas ideias de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, é marcada pelo individualismo. A sociedade, tida como pós-moderna, favorece isso quando dão ao indivíduo condições de satisfazer os seus desejos e os anseios principalmente com o dinheiro, base do consumo. Parafraseando René Descartes, “penso, logo existo”, hoje é “compro, logo existo”. A existência se baseia no que se pode comprar, é por isso que a esposa vai ao shopping e torra o cartão de crédito porque brigou com o esposo, o comprar completa a sua existência.

Em relação à religiosidade parece que está no mesmo caminho, pelo menos é o que alguns pesquisadores/as apontam em Ciências da Religião. Pessoas querendo atender as suas necessidades “espirituais” buscam na igreja/comunidade algo que supra as suas carências. Até aí não há problema, mas quando envolve a questão da demanda (igrejas) e a procura (clientes, digo fiéis), há um problema. Em um efervescente mercado religioso em que se pode escolher qual produto, quer dizer, evangelho, se quer, é uma tendência fortíssima de escolher comunidade que mais lhe agrada. Philip Yancey, no seu livro Igreja: por que me importar? narra a sua maneira como enxergava a igreja antes de ter uma experiência significativa com a graça de Deus. Ele se aproximava da igreja com um espírito exigente, de consumidor mesmo. Uma boa liturgia, uma boa música, um bom sermão. Ele era o espectador em busca do espetáculo que chamamos de culto. Em segundo lugar, Yancey buscava uma igreja que fosse a sua “cara”, ou seja, que tivesse o mesmo perfil cultural, o mesmo gosto, uma igreja conforme a sua imagem e semelhança. Demorou para o jornalista estadunidense entender que igreja/comunidade não é algo para ser servido, mas para servir. É por este motivo que hoje o nosso tempo é caracterizado como “trânsito religioso”, onde as pessoas migram de igreja com muita facilidade em busca de algo “melhor” ou de pessoas melhores.

Para fazer parte de uma comunidade é preciso estar disposto a construí-la. Não é possível entrar nela com um espírito de querer ser servido, mas de servir (Jesus); não se pode entrar nela sem duas coisas características e imprescindíveis para a comunidade, o perdão e o amor! É preciso estar disposto a dar algo sempre quando se decide construir comunidade.

Paulo falando para a igreja de Corinto (cap. 12, 12-27), ele trata exatamente desse problema. Lá as pessoas queriam se beneficiar da comunidade e não se entregar a ela. Havia divisão de grupos, cada um postulando um mentor, Paulo, Apolo, Pedro. Para exemplificar isso, ele usa o exemplo do corpo humano para dizer que a igreja é o corpo de Cristo e que por este fato todos são importantes, até mesmo aqueles que achamos, ou julgamos ser fracos e desnecessários. Os fortes carregam os fracos (Rm 15,1).

Construir comunidade é se dá em relacionamentos. Quem espera uma igreja pronta, nunca irá perceber a graça de ser igreja.

Quando construímos comunidade, se doando um ao outro e entendendo que o outro integra comigo o corpo de Cristo, valorizamos as pessoas em vez da instituição; valorizamos a conversa e o diálogo em vez da disciplina; valorizamos os defeitos e as qualidades do outro, quando ele sofre, sofremos juntos, quando ele se alegra, nos alegramos juntos. Por isso que tenho receio com pessoas que só conseguem enxergar os defeitos de uma igreja. É sinal de que este ainda não entendeu o que significa ser corpo de Cristo.

Não nascemos prontos. Vamos nos construindo. Pertencer a uma comunidade é exercitar o amor e o perdão como chave de relacionamento, é difícil, mas é o nosso alvo.

3 comentários:

Pr. Ezequiel disse...

Pr. Ezequiel
Excelente! Só construimos quando andamos juntos. Cada um com seus defeitos é qualidades mas sempre indo a casa do oleiro para tornar a cada dia um vaso novo, com isso vamos atraindo os que estão longe da Graça do Pai, e fortalecendo a comunhão. Um abraço a todos!

Marcelo Henrique Machado disse...

Olá, Alonso! Muito bom o texto e a mensagem compartilhada em nossa comunidade. A igreja também se insere no que Bauman chamou de "sociedade líquida". Procuramos a forma que melhor nos agrada como estivéssemos em um shoping passeando e comprando.

Um grande abraço!

Foi muito bom estar com você e com sua família!

Tchelo

Alonso S. Gonçalves disse...

Olá!
Agradeço a interação.
A tarefa de construir comunidade passa pelo altruísmo e fraternidade.
Obrigado pelos comentários.