3.10.09

O ANTICRISTO DO VATICANO

A oportunidade que os milenaristas estavam esperando

Há sempre aqueles que aguardam uma notícia para acentuar ainda mais as suas concepções “escatológicas” do fim do mundo, do aparecimento do Anticristo. Isto não é de hoje. Saddan Hussein já foi o Anticristo, Hitler também, os diversos papas nem se fala, a União Européia já foi a besta uma par de vezes. Os “escatólogos” estão sempre procurando chifre na cabeça de cavalo para corroborar suas ideias de finais dos tempos, segunda volta de Cristo e isso se dá principalmente no ambiente pentecostal. É claro que no pentecostalismo a visão de mundo é marcada pela distinção bem clara de Bem e Mal, onde o pecado e o sofrimento são causados por Satanás. Só com o milênio as coisas irão voltar à normalidade e felicidade, quando Cristo voltar e estabelecer o milênio, que, aliás, já foi alvo de diversas teorias e até hoje a quem perca tempo e amigos por defender suas teorias milenares. Os crentes, portanto, não precisam se preocupar com este mundo, pois ele “jaz do maligno”. Os pentecostais adoram este tema, há conferencias escatológicas, acredito que eles são até mais fanáticos que os adventistas que só sabem falar da segunda vinda de Cristo e do sábado. Um livro que deu o que falar, publicado pela CPAD, foi o tal O Alinhamento dos Planetas de Lawrence Olson. Livro recomendado pelo Conselho de Doutrina da Convenção Geral das Assembléias de Deus, aonde o autor chega a afirmar que o satélite artificial norte-americano Skylab que caiu sobre a Terra em 1982 era sinal da segunda vinda de Cristo. O assunto agora é outro, é o Anticristo sancionado pelo Papa Bento XVI.

Recentemente o Papa Bento XVI publicou uma encíclica (Caritas in Veritate) em que ele aborda diversos assuntos relacionados a economia, política e questões sociais. Um texto que antecederia a reunia do G-8 na Itália. Nesta encíclica, Bento XVI defende um plano econômico mundial que teria como fim sanar as crises econômicas e ajudar os países mais pobres, para isso ele defende uma Autoridade política mundial. Não vou aqui entrar em detalhes na encíclica papal, que não é o objetivo, mas comentar a repercussão disso no ambiente pentecostal.

A proposta de Bento XVI, uma Autoridade política mundial, que, aliás, não é uma ideia dele e muito menos nova, pois o Papa João XXIII da década de 60 com a encíclica Pacem in Terris defendeu a mesma coisa, levou os pentecostais a levantar novamente os supostos “sinais” da segunda volta de Cristo e o arrebatamento da Igreja.

O Jornal Mensageiro da Paz (Ago/09, p. 13) da CGADB, traz uma matéria colocando o assunto em destaque: “O Vaticano definitivamente entrou no grupo dos que, seguindo o espírito des¬se tempo, preparam, consciente ou inconscientemente, o cenário para o advento do Anticris¬to, que e apresentado na Bíblia como o líder de um futuro go¬verno mundial controlador e re¬gulador (Ap 13.16-17) que será aceito por todo o planeta, o que subtende que o próprio Vaticano devera aceitar sua autoridade”. A matéria para encerrar nota: “O cenário para a ascensão do Anti¬cristo esta sendo preparado, com aquiescência do Vaticano”. Ainda para fomentar o assunto, o programa “Movimento Pentecostal” que vai ao ar na Rede TV, trouxe um “especialista” em escatologia assembleiana, Pr. José Prado Veiga (Assembléia de Deus na Lapa – SP), para relatar o que essa notícia representa. Prontamente o “escatólogo” assegurou que não resta mais nada para acontecer, que isto é a última coisa para a volta de Cristo e o aparecimento do Anticristo. A apresentadora, Carla Ribas, ficou atônita. Fez uma expressão de apavoro misturada com satisfação por estar “no poder de Cristo”. A entrevista se encerra com um apelo para se achegar a Deus o quanto antes e quem já esta nos “caminhos do Senhor” permaneça, pois as coisas estão indo para o seu fim.

O Anticristo do Vaticano é mais uma oportunidade para aqueles que gostam de fazer terrorismo com pobres incautos. Mais uma vez essa postura de esperar pelos finalmentes do mundo coloca os crentes dentro de um casulo, acentuando a completa omissão e descaso para com as coisas que estão acontecendo com o mundo e nossa sociedade. Com este discurso de que o mundo “jaz do maligno” e que, portanto, não resta fazer mais nada a não ser esperar por Cristo, provoca esse fatalismo que o protestantismo já bebeu e os pentecostais gostam de afirmar, pois isso é o combustível para a sua própria sobrevivência. É uma pena.

Um comentário:

Anônimo disse...

correção, isso é uma afirmação de um jornal e não dos pentecostais, a volta de cristo pode ser daqui a dez segundos ou daqui a dez mil anos não sei quem é o anticristo, mas sei que ele será revelado antes do arrebatamento da igreja, como diz o apóstolo Paulo.