10.3.09

UM DEUS DE EMOÇÕES

Preguei na comunidade esses dias sobre Oséias, um dos profetas menores. Tentei chamar atenção da congregação para a empatia de Deus no texto. Aquela figura simbólica de Oséias e Gômer, os dois filhos – Desfavorecida e Não Meu Povo – como mensagem de Deus para Israel. Com uma linguagem marital, o enredo quer mostrar uma história de amor e infidelidade: Oséias e Gômer, Deus e Israel. A forma como Deus ama seu povo, o modo como ele quer tratar seu povo, é surpreendente no texto.

O ápice disso esta no capítulo 11 versos 7 e 8: “meu coração está comovido dentro em mim, as minhas compaixões à uma se acendem”. A atribuição de emoções humanas a Deus é conhecido como antropopatismo. O texto de Oséias esta cheio disso, coisa linda de se ler.

A nossa teologia foi muito influenciada pela cosmovisão grega. Os gregos não aceitavam as emoções, as quais eles chamavam de pathos, como algo bom. Quando alguém era afetado por emoções e tinha seu interior modificado, logo se acreditava que essa pessoa era fraca. Portanto para os gregos, Deus não poderia ter sentimentos e muito menos pathos, pois eles acreditavam que a Divindade não poderia sofrer influência exterior. Já que ele é o causador de tudo, como poderia alguma coisa causar qualquer emoção em Deus. Aristóteles já havia formulado: “ele é o Motor Imóvel”; os estóicos não admitiam qualquer alteração na Divindade, mas apenas na criação.

Por este fato, que a tradição cristã se apegou demasiadamente no conceito de poder de Deus, formulando ideias como onipotência, onisciência, onipresença. A Bíblia está cheia de emoções atribuídas a Deus, os profetas falam disso com uma naturalidade incrível.

O filósofo e místico judeu Abraham Joshua Heschel (1907-1972) foi um dos líderes do movimento denominado hassidismo (tradução simples: piedoso). Uma visão mística de Deus a partir de dentro e não de fora da realidade. Neste processo de contemplação, Heschel formula três caminhos: o caminho do sentimento da presença de Deus no mundo; o caminho do sentimento de sua presença na Bíblia; o caminho de sua presença nos atos sagrados. Com a clara intenção de renovar a condição humana, no que ele chama de humanização, com o intuito de despertar a profundidade dessa condição humana no homem. Neste sentido, Heschel formula não uma teologia de Deus, mas uma antropologia de Deus: “a Bíblia é mais uma antropologia de Deus do que uma teologia do homem. Os profetas não falaram tanto do interesse do homem por Deus, como no interesse de Deus pelo homem”. E neste interesse de Deus pelo homem que a linguagem é puramente emocional, pois afinal de contas somos mais pathos que logos.

Um comentário:

Pedro disse...

Caro Amigo,
Hoje não consegui entender seu raciocínio, afinal você crê no poder de Deus ou acha que os atributos de poder é uma tradição israelita? Conheço teólogos, a maioria de pastores batistas, como Rene Kivitz que defende a teologia relacional, onde Deus não é tão Deus: o mar vermelho é uma ficção, o sermão do monte nunca existiu, foi uma comparação com os originais e uma alegoria à vida de Moisés. A teologia relacional é uma aberração do deísmo aberto, uma forma demoníaca de não crer no poder de Deus. Atualizo-me teologicamente lendo seus escritos. Mas para nosso povo, os cansados e oprimidos, temos que mostrar o Deus vivo, que não muda, que opera milagres, cura, liberta das garras satânicas. Quantos viciados em droga, álcool, prostitutas, miseráveis, famintos que estão esperando uma palavra de Poder. E cabem a nós mensageiros, embaixadores de Cristo, apresentar o evangelho que prospera, muda e liberta. Somente Jesus é a salvação. Meu irmão é necessário oração, jejum, oração no monte, joelho no chão para enfrentar endemoninhados e derruba-los pela unção do Espírito Santo. Lembre-se a teologia ou nos leva para perto de Deus ou nos distancia Dele. Tantos questionamentos filosóficos que não levam a lugar nenhum. Fica aqui uma sugestão: no próximo texto, compartilhe testemunhos de curas, fé, conversão, evangelização