A igreja Católica tem uma longa história
como instituição religiosa e sua estrutura é extremamente burocrática e hierarquizada.
Ocorre que ao longo de sua trajetória a
igreja procurou se reformar para
tentar dialogar com o mundo. É claro que há um passado que a coloca em
situações delicadas como o episódio de Galileu Galilei (1564-1642) que depois
de mais de trezentos anos teve sua reabilitação à igreja conduzida por João
Paulo II em 1992.
Não obstante a isso, a maior expressão de
diálogo que a igreja procurou fazer ocorreu com o Concílio Vaticano II. A principal
tarefa do Concílio foi renovar a
igreja. Estava diante de todos a possibilidade de resgatar alguns pontos
fundantes da igreja: a noção de ser ela evangélica e sua dimensão missionária.
Embora houvesse contrários ao resultado do Concílio
– Bento XVI, por exemplo, quando cardeal J. Ratzinger procurou minimizar as consequências
do Concílio principalmente em sua dimensão eclesiológica como “povo de Deus” –
o Concílio Vaticano II possibilitou o florescimento da Teologia Latino-americana
da Libertação, por exemplo, e contribuiu para avanços significativos em todas
as áreas da igreja.
Ao contrário do seu antecessor, o papa
Francisco quer ver o Concílio Vaticano II ser concretizado em diferentes
direções, a começar pela sua eclesiologia que priorizou uma igreja aberta, ou
seja, não uma igreja para si mesma.
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- A igreja deve sair da sua comodidade: uma
igreja aberta às pessoas que necessitam e que mais precisam da presença e da
luz do Evangelho é uma chamada sempre atual. Uma igreja enclausurada em si
mesma não pode desenvolver sua vocação missionária.
- Reformar as estruturas: uma igreja que se
estabelece de cima para baixo e que desde Gregório VII, com a chamada reforma gregoriana, passou a ser mais monárquica contraindo as características do Império
e transformando preceitos das Escrituras em conceitos jurídicos e legais, é um
grande desafio para Francisco que procura encurtar a distância entre clero e
fiéis. Tal medida está prevista no Concílio Vaticano II, mas a hierarquia ainda
causará dificuldades para que essa igreja seja cada vez mais dos pobres como quer o papa.
Algumas coisas que Francisco me ensina: (1)
a chamada para uma igreja em missão é um desafio constante; (2) uma igreja
centrada em si mesma é um equivoco em relação ao chamado de Jesus Cristo para
sermos seus discípulos e discípulas; (3) procurar pensar e reformar a estrutura
da igreja para que ela seja um meio de atuação e não um fim em si mesma é mexer
com o sistema que procura se perpetuar para continuar garantindo posições de poder.
Nesse sentido, para se ter a alegria do
Evangelho é preciso voltar ao Evangelho e olhar para Jesus como pastor.
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