A Igreja de então, por sua vez, fornecia
essa segurança por meio dos
sacramentos. Assim, uma vez administrada pela Igreja, a graça se dava pela mediação da hierarquia e dos sacramentos. O
sistema funcionava tendo a Igreja como indicadora de um caminho seguro,
oferecendo um status confiante quando
na administração dos sacramentos constituídos como meios da graça. De certa forma, a Igreja detinha o controle,
principalmente quando um sacerdote
administrava os sacramentos.[2]

Quando Lutero se deparou com a graça, percebeu de que Deus nos oferece gratuitamente tudo de que
não somos capazes: não somos apenas perdoados, mas estamos justificados diante
dele. Estava aí o início de uma extraordinária experiência com Deus, qual
seja, a de que Deus, em amor e graça, liberta dos jugos que promovem a culpa e a
insegurança. Agora, para Lutero e outros reformadores, Deus está presente por
toda parte e, por graça, sustenta, promove, liberta, conduz. Esse é um canto de
liberdade diante de um sistema que aprisionava por meio da consecução dos
sacramentos.
A questão central na Sola Gratia, se dá na percepção de que Deus está no centro da
existência humana, ativo em toda a história, sempre tomando a iniciativa para
se aproximar dos seres humanos. A descoberta de Lutero abriu uma nova janela
por onde um ar fresco e aconchegante entrou: a graça de Deus sustenta a vida,
portanto, vivamos, porque ele, Deus, já cuidou de tudo, principalmente da eternidade!
A Sola
Gratia está para além da letra; ela é integradora do ser. Não está atrelada a qualquer meio de aprisionamento, porque
esse Deus de graça é livre e nos chama à liberdade! Por isso podemos cantar: Graça! Que maravilhosa graça! / É
imensurável e sem fim / É maravilhosa, é tão grandiosa / é suficiente para mim.
Quando comemoramos 500 anos da Reforma
Protestante, temos a oportunidade de iluminar, mais uma vez e quantas vezes for
preciso, os pilares pelos quais podemos nos sustentar. A Sola Gratia é, indiscutivelmente, um desses pilares.
É inconcebível posturas demarcatórias,
tanto de igrejas como de pessoas (líderes), da graça de Deus, ou seja, não é
possível uma igreja que caminha a partir da tradição da Reforma determinar a
ação de Deus, cerceando o seu agir; dizer quem Deus aceita e quem ele rejeita
como se assim fosse possível dimensionar o pecado
melhor do que o próprio Deus!
A graça está dada como uma marca indelével para a Igreja. Ela é celebrada na Reforma porque foi possível entender que, pela graça, Deus é
Deus.
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