Os batistas se notabilizaram no país, dentre
outras características, pelas suas campanhas missionárias. Quer em nível
mundial (JMM), nacional (JMN) ou estadual, os batistas asseguram que a
necessidade de evangelização é uma prioridade da igreja, logo, das organizações
denominacionais.
Ocorre que há modelos que são colocados para
as igrejas e aos agentes missionários das organizações. No caso da JMM, por
exemplo, de maneira bem sintética, o principal modelo se dá em projetos que a
JMM desenvolve em alguns países, procurando alinhar as necessidades prementes
de um lugar ou região com o trabalho da equipe missionária. Nesse sentido, o modelo
foca o aspecto social e religioso. A mensagem não é, primeiramente, falada, mas demonstrada e
praticada com ações que promovem o testemunho
do Evangelho. Por aqui, a JMN tem demonstrado que as Cristolândias é uma prioridade de recursos e equipes. A notoriedade
midiática da Cristolândia, favoreceu o mote da JMN, que é servir de instrumento
de reabilitação e integração social de adictos, tendo o Evangelho como primeira ferramenta para isso.
A Convenção Batista do Estado de São Paulo
(CBESP), vem demonstrando a sua estratégia missionária depois de alguns problemas
de ordem financeira, como também de logística. Ocorre que o modelo que a CBESP
vem construindo difere das organizações missionárias mencionadas acima, ou
seja, o foco principal tem sido disputar espaço no campo religioso estadual com
outros segmentos, principalmente com o setor católico. Algo que não víamos já algum
tempo.
Antes, é preciso recordar que, a grosso modo,
o protestantismo de missão chegou no país com a missão de converter católicos.
Reconheciam no catolicismo, dentre outras razões, o atraso do país. É sabido
que esse encontro gerou conflitos para ambos os lados, sendo o protestantismo,
por ser minoritário, o mais penalizado. Por outro lado, o discurso exclusivista
do protestantismo e a postura apologética causou inúmeros problemas, inclusive
entre os próprios protestantes. É dessa conjuntura, que emerge a identidade
protestante e sua base missiológica, tendo, principalmente, os católicos como
principal alvo concorrente.
Agora, temos a impressão de que estamos presenciando o mesmo modelo missionário do século XIX entre os batistas do Estado de São Paulo. A proposta da CBESP, parece evocar um modelo missionário de caráter bélico, onde luz e trevas estão em conflito, sendo que as “trevas” são locais que ainda não há um templo (presença) batista. Ao que parece, estamos diante de uma conhecida ideia medieval, a de que identificava a presença física da igreja (templo) com o reino de Deus.
Agora, temos a impressão de que estamos presenciando o mesmo modelo missionário do século XIX entre os batistas do Estado de São Paulo. A proposta da CBESP, parece evocar um modelo missionário de caráter bélico, onde luz e trevas estão em conflito, sendo que as “trevas” são locais que ainda não há um templo (presença) batista. Ao que parece, estamos diante de uma conhecida ideia medieval, a de que identificava a presença física da igreja (templo) com o reino de Deus.
Postura como essa, reforçam uma visão de
mundo que esteve atrelada ao maniqueísmo,
quando se colocava em constante dicotomia o mundo e o reino de Deus, ou seja, a
igreja. Uma vez associando “trevas” ao um segmento do cristianismo, mesmo que
não concordando com suas doutrinas e ritos, não está se priorizando um modelo
missionário pautado na caminhada do Nazareno que procurou mediar as diferenças
por meio de gestos e ações que privilegiava o humano, antes de qualquer sistema
religioso. Não por acaso, os empates com os fariseus e saduceus nos evangelhos se deram a partir disso. Não
é o sábado que vem primeiro, mas sim
gente.
Quando comemoramos 500 anos da Reforma Protestante, parece que os principais elementos
da Reforma são obnubilados por outras motivações. A Reforma, se constituiu em
momento ímpar para o mundo ocidental por demarcar um tempo de liberdade, sendo
os batistas, depois, dentre outros, a lutar
para que ela, a liberdade, não fosse
apenas um discurso, mas também uma ação. O modelo missionário da Reforma se
mostrou viável e desafiador, porque colocou na liberdade o seu início; na graça
de Deus a salvação; a fé como condição salvífica; na teimosia profética a
denúncia como elemento imprescindível do ser protestante. Esses elementos
formaram o ser protestante e desses elementos somos, queira ou não, herdeiros.
Entendemos que um modelo missionário que tem
como primeira marca o embate a partir do campo religioso brasileiro, sendo esse
embate promovido pela logística denominacional com publicações e promoção de personagens
que transitaram entre segmentos da religiosidade brasileira, não atende as
reais necessidades prementes que temos no momento. Pensar que o principal
problema de evangelização no Estado de São Paulo se dá, apenas ou
principalmente, a partir da religiosidade, é suprimir um gigantesco universo de
problemas de ordem espiritual, social, política e moral. Na leitura do mundo,
não é mais possível reducionismos que privilegiam uma relação dicotômica ou
dualista.
O primeiro e principal modelo missionário
continua sendo o de Jesus. Em Mateus 11,28-30, Jesus coloca, em oração, o seu
modelo missionário e este modelo se constitui em mansidão, leveza, descanso e alívio.
Fica claro que o que dá consistência ao modelo missionário de Jesus é a sua pessoalidade. O modelo de Jesus
encontra resistência com as estruturas denominacionais, porque não foca no
sistema, mas sim nas pessoas.
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