O
movimento batista no Brasil tem a
marca indelével do ethos dos batistas do sul dos Estados Unidos.
Aqui,
imbuídos de um ímpeto missionário, trouxeram o evangelho e com ele o modo de evangelizar e doutrinar, além de
ensinarem como cultuar (liturgia).
A
eclesiologia batista tem (teve) a
marca da presença batista estadunidense.
Uma
eclesiologia centrada no culto-templo, no domingo e no pastor.
Assim, nada ocorre fora do templo, e culto mesmo, apenas no templo; o domingo como dia sagrado,
e profaná-lo é sacrilégio; o pastor é visto como sacerdote, embora o protestantismo
tenha aparecido na história do cristianismo
como defensor do sacerdócio universal
de todos os crentes, algo que ficou na sua versão 1.0, lá e cá.
Algumas
consequências dessa maneira de enxergar e viver igreja contribuiu para que
pessoas entendessem igreja como um lugar (templo) e não gente. Levou a compreender que culto acontece apenas no templo e no domingo, fato que torna o pastor indispensável, uma vez que ele (único?) é qualificado para tal tarefa.
Em
síntese, a igreja se transformou em
um momento no fim de semana; uma tarefa que
precisa ser desempenhada; um servir que
virou sinônimo de fazer algo (onde?)
na igreja-templo.
A
presença de Ralph W. Neighbour Jr. em Presidente Prudente/SP, por ocasião da
Semana Batista, foi interessante. Apesar de conhecê-lo como um mentor da Igreja
em Células, ouvir a sua experiência eclesial como pastor batista e seus
desafios em levar adiante os ideais comunitários do Novo Testamento foi
revigorante.
O
pastor Ralph é alguém que viveu os milímetros da denominação (Convenção Batista
do Sul dos Estados Unidos) e, portanto, conhece bem a teologia e o modus operandi dos
batistas do sul dos EUA.
É
alguém que sofreu um processo de desligamento de sua própria denominação por
querer ensinar algo que, desde que o Novo Testamento é Bíblia para os cristãos,
está lá, ou seja, uma igreja pautada em
relacionamentos, não em estruturas, programas e eventos.
Em
Presidente Prudente/SP, o pastor Ralph W. Neighbour Jr. falou de como as igrejas
deixaram de lado o Novo Testamento. Essa fala foi contundente, principalmente
porque os batistas acreditam ser um
ramo do protestantismo histórico que
propaga, com maior fidelidade, os
ensinos da Bíblia, mas principalmente os do Novo Testamento.
Com
uma mensagem pautada em trechos fundamentais da eclesiologia neotestamentária, Ralph pontuou uma palavra que trouxe
confronto para todos ali, principalmente para um público acostumado a ver igreja como pedra e cimento e ainda como
promotora de eventos e programas.
Uma
igreja onde o pastor é o responsável maior por trazer pessoas para a igreja-templo,
Ralph deixou claro de que o Novo Testamento não ensina sobre o "aceitar
Jesus" e muito menos o tal "Deus tem um plano para a sua vida". Antes, a principal mensagem do Novo Testamento para a igreja é ser corpo de Cristo.
De
todas as falas do pastor Ralph, a mais impactante foi essa: “a igreja no seu sistema
tradicional não produz nenhum cristão maduro”. Infelizmente isso ainda é um fato.
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