O evangelho da “vitória” está ganhando cada vez
mais adeptos. Igrejas pequenas e grandes adotam o discurso da “vitória” para
vencer o páreo: quem cresce mais.
Depois do sucesso editorial da “Bíblia de Estudo
– Batalha Espiritual e Vitória Financeira” (Central Gospel), surgiram outras bíblias de estudo para cada situação e
com temas mais variados possíveis. Agora no mercado gospel a “Bíblia da Mulher
Vitoriosa” (Central Gospel).
O evangelho da “vitória” foca, principalmente, a
questão financeira. “Crente” vitorioso é àquele que tem sucesso financeiro,
seguindo conquistando “bênçãos” em todas as áreas da vida, principalmente
patrimonial.
A “Bíblia de Estudo – Batalha Espiritual e
Vitória Financeira”, do televisivo Silas Malafaia, custou num primeiro momento
R$ 900,00. Morris Cerullo é o principal articulador nas notas da tal Bíblia e uma das ênfases é de que pobreza é o mesmo que escravidão. Confira:
Pobreza é escravidão! Ela
amarra as pessoas, impedindo-as de terem as coisas que necessitam. A pobreza
leva à depressão e ao medo. Não é a vontade de Deus que você viva na escravidão
da pobreza. É hora de Deus acabar com a escravidão das dívidas e da pobreza no
meio do seu povo! É chegado o momento da liberação de uma unção financeira
especial, que quebrará as cadeias da escassez e o capacitará a colher com
abundância! (Bíblia de
Estudo – Batalha Espiritual e Vitória Financeira)
É incrível, mas houve um retrocesso teológico inimaginável.
Outrora deixamos de ser escravos do pecado (como diz Paulo) e passamos a ser
escravos da pobreza (como diz Cerullo).
Cristo foi vitorioso, mas não financeiramente. Ele
venceu a morte e garantiu de que ela
não vencerá outra vez:
Onde está, ó morte,
a sua vitória?
Onde está, ó morte,
o seu aguilhão?
1Co 15,55
2 comentários:
Como você deixa claro, até nas entrelinhas do seu texto, a questão deixa de ser um problema teológico sobre os fundamentos da fé cristã, a partir dos quais é possível ainda comentar, mas torna-se uma prática escrachada,não chegando nem mesmo a ser uma espiritualidade invertida, como carnavalesca (Bakhtin), por exemplo, mas se revela cheia de opressão, oportunismo e exploração, principalmente dos já marginalizados e excluídos da nossa sociedade. Obrigado pelo texto.
Obrigado Natanael pelo comentário. Como sempre fazendo uma leitura apropriada.
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