Recitais são preparados; pessoas ganham presentes; crianças ficam felizes. Toda essa dinâmica nós já conhecemos. O Ocidente se especializou em transformar tudo em dinheiro, desde sexo até a religião.
De fato é lindo este tempo. As pessoas ficam mais solicitas, mais amigáveis, embora tenha alguns seres humanos que em época nenhuma fica amigável, mas de um modo geral as pessoas procuram se entender umas com as outras. Isso é o que eles chamam por aí de “a magia do natal”.
Para o Cristianismo o Natal é um símbolo de “encarnação”. É dizer que Deus se fez “carne quente e mortal” (L. Boff) e armou acampamento entre nós (Jo 1,14).
No texto de Mateus 1,23 diz que ele seria chamado de Emanuel, ou seja, o “Deus conosco”. A presença de Jesus no evangelho de Mateus é sentida no início, o nascimento de Jesus, no meio quando se reúne dois ou três em seu nome e no fim quando diz: “eis que estou convosco todos os dias”. É uma cristologia emanuélica. É uma cristologia da presença efetiva de Jesus no meio da comunidade de fé.
Assim como o evangelho de João e o evangelho de Mateus acentuam a presença de Jesus no meio do povo. Tanto num quanto noutro, o ponto é a “encarnação”. Ele entra em nossas vidas e nunca mais se retira. A história já não é apenas conhecida pela Trindade, mas agora experimentada pela comunidade trinitária.
O que a maioria das pessoas que frequentam igreja fez com essa realidade espiritual?
Não presenciamos uma cristologia na comunidade que trate Jesus como aquele que está perto, que está no meio. Suas palavras são ignoradas pela maioria das pessoas na igreja. Ora-se em seu nome, canta-se em seu nome, mas não agem como ele agiu, não procura as pessoas que ele procurou, não valoriza o ser humano como ele valorizou. Em resumo, presenciamos um “Jesus esquizofrênico”. Ele não é real. As relações pessoais não passam pelo crivo de seus ensinamentos. É um “Cristo” transcendente. É um “Cristo” que tem prazer na disciplina. É um “Cristo” que não se importa muito com os fracos e carentes da comunidade de fé. Não há uma relação consciente de que ele, Jesus de Nazaré, está presente como o Emanuel no meio da igreja.
Natal não pode ser apenas festa e troca de presentes. Natal precisa acentuar um Cristo presente que olha para o ser humano na sua integralidade. Natal é tenda entre nós; Natal é o Emanuel com a igreja.
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