Membro da Comissão do I Congresso de
Eclesiologia (CBESP)
Pensar
a igreja é sempre um desafio, ainda mais neste tempo em que assuntos como crise
institucional, secularização e globalização são recorrentes na sociedade. Aliar
a identidade denominacional e relevância na sociedade é um dos grandes desafios
da igreja contemporânea. O I Congresso de
Eclesiologia promovido pela Convenção Batista do Estado de São Paulo
(CBESP) aceitou este desafio e procurou promover a reflexão, levantar
questionamentos e provocações sobre um tema tão peculiar para os batistas –
igreja.[2]
Para
gerar uma reflexão que não fosse tendenciosa, a escolha dos palestrantes contou
com Israel Belo de Azevedo,[3]
Isaltino Gomes Coelho Filho[4] e
David B. Riker.[5]
Cada um abordou alguma faceta da realidade eclesial. Israel falou sobre O que é igreja e sua missão em relação a
Deus, o mundo e a ela mesma; Isaltino O
governo da igreja e as lideranças eclesiásticas; Riker O culto e os seus princípios. Dentro de cada perspectiva as
palestras foram direcionadas a fim de instigar, refletir e provocar reações. A
tarefa da Comissão[6]
do I Congresso de Eclesiologia foi colher as palestras e pontuar temas que são
pertinentes à realidade eclesiástica do Estado de São Paulo. Dentro desse
intento apresento minhas reações ao que foi abordado e aponto temas que merecem
ser considerados, a partir de observações pessoais.
Israel Belo de Azevedo
abordou temas que mexem com alguns paradigmas que estão impregnados no
imaginário Batista como: disciplina na igreja; liderança feminina; recebimento
de pessoas como membros que vivem em união estável; cooperação Batista;
prospectivas quanto ao futuro da CBB. Israel mostrou de como os Batistas, ao
longo da sua história, preservou os seus princípios e esses não podem ser
esquecidos e nem mesmo desvirtuados, embora alguns já tenham sido como foi o da
autonomia. A natureza plural dos
Batistas, a facilidade de assimilar coisas contemporâneas (como foi o caso da
liturgia) e a autonomia da igreja local, são pilares de uma identidade Batista
que não podem ser ignorados quando se entra em diálogo com a sociedade. Por
outro lado a Missão Integral (= Reino de Deus) da igreja precisa ser uma
prioridade. No seu entender não cabe mais a igreja querer fazer ação social
visando o proselitismo. Essa insistência se dá devido ao landmarkismo continuar vivo no substrato Batista.
Isaltino Gomes Coelho Filho
abordou as diferentes compreensões que o Novo Testamento traz sobre a figura do
pastor. Fazendo uma leitura bíblica
sobre os conceitos de bispo, presbítero e pastor, Isaltino demostra que a
liderança eclesiástica no Novo Testamento é plural, nunca definida plenamente,
embora haja elementos que indiquem uma institucionalização da função pastoral
nas Cartas Pastorais; a liturgia recebe influencia da sinagoga havendo,
portanto, no Novo Testamento a essência do culto e não a imposição de uma única
maneira ou forma de cultuar.
David B. Riker
pensou o culto e seus princípios. Embora fosse nítido a sua dificuldade em
traçar uma linha argumentativa para definir o que seja culto pela perspectiva
bíblica e teológica, o reitor do STBE procurou definir culto a partir de conceitos etimológicos e não de ajuntamento tanto
no Antigo quanto no Novo Testamento. Assim procedendo, ele quis delinear três
momentos do culto – o que cultuar, a
quem cultuar e como cultuar. Fazendo uma leitura principalmente dos conflitos
enfrentados por Paulo em Corinto, o preletor alegou, dentre os seus princípios
gerais do culto – que contou com o amor, edificação, reverência,
inteligibilidade – o princípio que provocou questionamentos foi o da autoridade, onde o preletor defendeu,
com base em 1Co 11, que a proeminência no culto deve ser do homem e a mulher
sendo coadjuvante.
Importante:
O texto com as considerações e reações da Comissão sairá em breve.
[1] Pastor da Igreja Batista
Memorial em Iporanga/SP – Vale do Ribeira.
[2] Evento que ocorreu no dia 16 de
Junho no Salão Nobre do Colégio Batista Brasileiro – Perdizes/SP.
[3] Pastor da Igreja Batista em
Itacuruçá/RJ.
[4] Pastor da Igreja Batista Central
de Macapá/AP.
[5] Reitor do Seminário Teológico
Batista Equatorial, Belém/PA.
[6] Os membros dessa Comissão são os
pastores: Alonso Gonçalves, Antonio Lazarini Neto e Carlos Eliseu Dias da Rocha (Relator).
Nenhum comentário:
Postar um comentário