Mas, vez ou outra, somos – os pastores
– alertados por alguns de que a “igreja não vai bem”. Geralmente essas pessoas
que se sentem na “obrigação” de dizer que a “igreja não vai bem” são
consideradas extremamente espirituais por elas mesmas e de reputação ilibada. O
interessante nisso é que a compreensão de que a “igreja não vai bem” é muito
relativo, e dependendo de quem crítica ou alerta há diversidade de entendimento.
Vejamos. Para aqueles que gostam de evento a “igreja não vai bem” porque não
há movimento na igreja; não há eventos sendo produzidos; não há envolvimento da
comunidade em alguma programação importante pela ótica da pessoa que considera
que a “igreja não vai bem”. Se for alguém que olha para a igreja pela
perspectiva da construção, uma igreja
que não tenha uma obra em andamento não vai bem, porque para a maioria das
pessoas que pensam em igreja como “canteiro de obras” construções, ampliações e
reformas é sinal de que a igreja está “crescendo”. Para outros a “igreja não
vai bem” porque algumas coisas não
acontecem da maneira que deveria; porque certas atitudes não são tomadas
como deveriam ser (lê-se, pelo pastor – óbvio); pessoas não são afastadas
quando deveriam ser para mostrar aos outros a rigidez legalista e farisaica de
parte da igreja. Ou ainda, a “igreja não vai bem” por conta do pastor que não sabe lidar com a igreja e
sua postura é quase irrisória. A lista pode perfeitamente continuar. Dependendo
do dono da frase – “a igreja não vai bem” –, ela pode ter outro motivo ainda e
geralmente atrelado ao “crescimento” da igreja.
Quando uma igreja não vai bem? Olhamos para Paulo, mais precisamente para
a igreja de Tessalônica (1Ts 1,3). Paulo elogia àquela igreja não pelo seu estacionamento
amplo, ou seu templo confortável, ou ainda suas entradas, muito menos pela sua rigidez
doutrinária, ou pelos eventos e programas, menos ainda pela sua construção. Isso
porque na igreja do Segundo Testamento (NT) não há estruturas eclesiásticas, mas pessoas;
não são as regras, mas o amor; não são os eventos, mas o estar-junto.
A igreja está bem quando há operosidade da fé, ou seja, quando
irmãos que decidem compartilhar Cristo tem uma fé vibrante e frutífera; a
igreja está bem quando o amor é abnegado,
ou seja, quando há uma demonstração de amor fraternal acima da média, onde
pessoas podem se sentir amadas; a igreja está bem quando a esperança em Cristo move a dinâmica da igreja, ou seja, não é
evento, programa, construção, sistema doutrinário, mas sim Cristo o alvo da
igreja, a razão maior da igreja se reunir e estar em comunhão.
A igreja não vai bem quando pessoas
que dizem seguir a Cristo, mas não
consegue imprimir em seus relacionamentos nenhuma marca do Mestre; a igreja não
vai bem quando há pessoas que se reúnem apenas para cantar como se esse fosse o único e exclusivo propósito; a igreja
não vai bem quando há pessoas que preferem às regras e sua dolorida execução ao
amor desinteressado e altruísta; a igreja não vai bem quando não se vê pessoas
com uma fé madura; a igreja não vai bem quando a única razão de ser de uma
igreja – Cristo – é deixado de lado por conta do tradicionalismo e legalismo
acentuado durante anos; a igreja não vai bem quando o principal momento da
igreja, o culto, a celebração, a adoração, é colocado em segundo plano e até
mesmo desconsiderado por qualquer outro motivo.
E aí, a igreja vai bem?
2 comentários:
Belo texto. Entendo muito bem suas palavras. Um abraço
Só lamento nós (pastores) não conseguirmos ensinar isso para as nossas ovelhas de forma tranquila. Mas ainda bem que já existem aqueles que aprenderam isso.
Valeu pela participação.
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