10.8.09

MEGAIGREJAS OU ECLESIOLAS?

É comum em roda de pastores a famosa pergunta: “quantos membros a sua igreja têm?” Em alguns casos, o desenvolvimento ministerial e sua avaliação dependem da resposta a esta pergunta. O coeficiente ministerial é dado pela quantidade de membros, pelo suntuoso templo e pela receita. Esses ingredientes formam um ministério profícuo e abençoado por Deus.

Quando pensamos em crescimento de igreja receitas não faltam no mercado religioso. Olhando os neopentecostais vemos a clara cartilha: teologia da prosperidade. No protestantismo histórico as receitas foram abundantes. Apareceram livros, seminários, conferências, palestrantes renomados internacionalmente, todos com uma forma infalível de crescimento de igreja. Neste cenário, não seguindo necessariamente uma ordem cronológica, surgiu Bill Hybels e sua “Rede Ministerial”. A ênfase esta nos dons espirituais, “pessoas certas nos lugares certos pelas razões certas”. Igrejas no Brasil se identificaram com este modelo e logo, como é de costume por aqui, exportaram o produto com patente norte-americana. Christian Schwarz lançou “o desenvolvimento natural da igreja”. O alemão defende oito marcas de qualidade para uma igreja saudável que não precisa, necessariamente, de remendos, porque naturalmente, como um organismo vivo que é, ela cresce. Do ponto de vista teológico o livro de Schwarz é bom, mas no Brasil a sua ideia não chegou a “pegar”. Agora quem de fato pegou mesmo foi o livro do pastor batista Rick Warren com “a igreja com propósitos”. Foi uma febre. A pergunta para os pastores era se eles estavam ou não com a igreja com propósitos. Os ministérios que a Bíblia apresenta para a igreja, Warren transforma em propósitos dando uma cara empresarial com pesquisa de campo para atingir uma clientela específica. Por lá deu certo e Warren inaugurou o movimento da megaigrejas. No decorrer dos anos muita coisa surgiu para o crescimento da igreja e a igreja, em alguns casos, sofreu com isso. Refiro-me, mais especificadamente, ao movimento do G12 que destruiu comunidades e dividiu denominações.

O movimento da megaigrejas virou a cabeça de muitos lideres. Há um sonho de ter uma grande igreja para pastorear, exercer poder, ser reconhecido, ter a opinião respeitada. Isso se mostra neste meu texto por exemplo. Alguém poderá indagar: “quem é o Pr. Alonso Gonçalves?” Como não sou pastor de uma grande igreja, a minha opinião sobre o crescimento da igreja tende a ser irrisória, ou até mesmo considerada invejosa. Se fosse ao contrário, com certeza a minha opinião seria aceita, seria convidado para falar em congressos e conferências, ministrar aulas sobre o meu sucesso empresarial, digo, pastoral!

Não me importo em pastorear uma igreja pequena; de não ter a opinião respeitada; de não ser convidado para falar em grandes concentrações evangélicas. Não sou pastor de uma grande igreja, mas de uma eclesiola. Uma comunidade em que sei o nome das pessoas; sei em quem se pode contar e quem não; sei os problemas e participo deles bem de perto; posso ser contrariado nas opiniões; posso participar dos aniversários, casamentos, batismos dos filhos dos filhos. Como minha preocupação não é numérica e muito menos financeira, mas espiritual e humana, vejo as debilidades e qualidades de um rebanho que esta em construção, já que meu único propósito é ver Cristo sendo formado cada vez mais neles (Gl 4,19).

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