As
mulheres tem sido discriminadas por muito tempo por uma interpretação
distorcida da palavra de Deus.
Eu
tenho sido um cristão praticante toda minha vida e um diácono e um
professor da Bíblia por muitos anos. Minha crença é uma fonte de força e
conforto para mim, como as crenças religiosas são para milhares de pessoas no
mundo. Então minha decisão de cortar meus laços com a CONVENÇÃO BATISTA DO SUL,
após seis décadas, foi doloroso e difícil.
Foi,
entretanto, uma decisão INEVITÁVEL quando a convenção dos líderes, citando
alguns versículos cuidadosamente escolhidos e afirmando que Eva foi criada
depois de Adão e foi responsável pelo pecado original, ordenaram que as
MULHERES devem ser SUBMISSAS aos seus maridos e PROIBIDAS de servirem como
diaconisas, pastoras ou capelãs no serviço militar.
Esta
visão que as mulheres são, de alguma forma, inferior aos homens não é restrita
a uma religião ou crença. As mulheres são proibidas de terem um papel mais
pleno e igual em muitas crenças. Essa discriminação,
injustamente atribuída a uma Alta Autoridade, tem providenciado
uma razão ou desculpa de privar as mulheres de direitos iguais pelo mundo por
séculos.
Em
seu mais repugnante, a crença que as mulheres devem se subjugar aos desejos dos
homens permite escravidão, violência, prostituição forçada, mutilação genital e
leis nacionais que omitem o estupro como crime. Mas também custa a muitos
milhares de meninas e mulheres o controle sobre seus corpos e vidas e continua
a lhes negar acesso justo a educação, saúde, emprego e influência dentro de
suas próprias comunidades.
O
impacto dessas crenças religiosas alcança todos os aspectos de nossas vidas.
Elas ajudam a explicar porque em muitos países os meninos são educados antes
das meninas; porque dizem às meninas quando e com quem devem se casar; e porque
muitas enfrentam riscos enormes e inaceitáveis na gravidez e no parto por causa
que suas necessidades básicas em saúde não são encontradas.

O
mesmo pensamento discriminatório está por detrás da contínua lacuna de gênero
no pagamento e no porque existem poucas mulheres no escritório no Ocidente. A
raiz desse preconceito se esconde profundamente em nossas histórias, mas seu
impacto é sentido todo dia. Não são apenas as meninas e as mulheres que sofrem.
Danifica a todos nós. As evidências mostram que investir nas mulheres
desenvolve maiores benefícios para a sociedade. Uma mulher educada tem crianças
mais saudáveis. Ela tem mais possibilidade de mandá-las para a escola. Ela
ganha mais e investe na sua família.
Simplesmente
é autodestruição para toda comunidade discriminar metade de sua população. Nós
precisamos desafiar essas atitudes e práticas cíclicas e antiquadas.Eu entendo,
entretanto, porque muitos líderes políticos podem ser relutantes sobre pisar
neste campo minado. A religião, e tradição, são áreas poderosas e sensíveis
para se desafiar.
Nós
decidimos em dar uma atenção especial para a responsabilidade dos líderes
religiosos e tradicionais em garantir igualdade e direitos humanos e publicamos
uma declaração onde dizemos: "A justificação da discriminação contra as
mulheres e meninas no campo da religião ou tradição, como se tivesse sido
prescrito por uma Alta Autoridade, é inaceitável". Nós estamos convocando
a todos os líderes para desafiar e mudar os ensinamentos e as práticas
prejudiciais que justifiquem a discriminação contra as mulheres.
Nós
pedimos, em particular, que os líderes de todas as religiões tenham a coragem
de compreender e enfatizar as mensagens positivas da dignidade e da igualdade
que toas as religiões mundiais majoritárias compartilham.
A
verdade é que os líderes religiosos masculinos tem tido - e ainda têm - uma opção
de interpretar os ensinamentos sagrados tanto para exaltar ou para subjugar as
mulheres.
Eles
têm, para seus próprios propósitos egoístas, escolhido o último. Suas
escolhas têm provido a fundação ou a justificação para muitas das
constantes perseguições e abusos contra as mulheres no mundo. Esta é uma
violação, não apenas contra a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, mas também aos ensinamentos de Jesus
Cristo, os Apóstolos, Moisés e os profetas, Mohamed e os fundadores das outras
grandes religiões.
Está
na hora de termos a coragem de desafiar estas visões.
Jimmy Carter - ex-presidente dos Estados Unidos