Recentemente o universo pentecostal foi estremecido com a reportagem da Rede Record sobre o “movimento ‘cair’ no Espírito”. Intensões espúrias da reportagem a parte, é incrível como o ditado popular cai muito bem aqui: “é o sujo falando do mal lavado”, ou seja, é o pentecostalismo com suas bizarrices e o neopentecostalismo com o seu sincretismo mais desavergonhado que já vimos em terras tupiniquins.
Não é de hoje que o pentecostalismo
baixo vem usando a sua criatividade para nos brindar de costumes, “unções” e
modismos, quase sempre importados do Norte. Já teve “dentes de ouro”
inaugurando o “culto do garimpo”; a “unção do riso”, que começou em Toronto,
Canadá; a “cola do Espírito Santo” dentre outras manifestações. O “cair” no
Espírito, em inglês “slain in the Spirit”
tem sua relação desde 1885 com Maria B. Woodworth-Etter nos EUA, portanto, não
é um fenômeno puramente legítimo no Canadá.
Isso ocorre porque no pentecostalismo, o
mais baixo possível, a experiência e o fenômeno de êxtase dominam as reuniões,
sem contar o culto à personalidade onde o “grande homem de Deus” detém a chave
do “poder” de Deus. É uma relação de domínio sobre os demais. O Espírito Santo
é sinônimo de “poder” e não unidade no corpo de Cristo.
Já o neopentecostalismo desde a sua
origem, vem comercializando de novas relíquias e indulgências. O elemento
mágico é usado e abusado pelos universais, internacionais e mundiais. As
bizarrices que se vê nem choca mais. Com práticas até então vistas nos cultos
afro-brasileiros, os neopentecostais ungem objetos que tem como função serem
miraculosos: o sabonete da prosperidade, a rosa ungida, a fogueira santa de
Israel, o sal grosso, o copo com água em cima da TV ou rádio. Daí as novas
relíquias com a promessa de dar a bênção; as novas indulgências como a “oração
forte” do homem de Deus que determina a vitória. E falando nisso penso de como as
coisas mudam! Digo isso porque o televisivo Silas Malafaia é o mais novo
integrante da turma da prosperidade, vendendo unção de R$ 900,00 e em troca da generosa
oferta uma Bíblia de batalha espiritual e vitória financeira, com o patrocínio
e a anuência “espiritual” do guru Morris Cerullo.
No nosso contexto, o tema Espírito Santo, sempre foi controverso. É por isso as constantes disputas e mal entendidos sobre o tema. Nisso até mesmo as denominações históricas têm a sua parcela de “culpa”. A teologia reformada não dispensou uma atenta atenção para o assunto, alguns manuais de sistemática nem se quer menciona a temática. Com a chegada dos pentecostais, as coisas ficaram ainda mais no campo da animosidade. O Espírito Santo foi o principal meio de divisão entre as denominações históricas, logo ele que é responsável pela unidade da igreja. No ambiente pentecostal a liturgia gira em torno do Espírito Santo; no caso do protestantismo histórico gira em torno do texto bíblico.
Essa temática poderia ser enriquecida com o surgimento de um novo paradigma para se pensar o Espírito Santo, não mais no campo das emoções (pentecostais) ou puramente doutrinário (protestantismo histórico), mas no processo da vida como um todo.
O Espírito da Vida tem como missão
promover a vida. Foi por este motivo que Deus nos enviou o seu Espírito, para
promover e preservar a vida. Dentro desta perspectiva, a missão não é a
expansão da fé cristã a partir do proselitismo, mas a paixão pelo Reino de
Deus. O Espírito Santo envolve a vida e sua renovação. Aliás, ruah (espírito) não quer dizer fôlego da
vida?
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