11.6.11

CENTENÁRIO DA ASSEMBLEIA DE DEUS – O OUTRO LADO DA HISTÓRIA

Uma das maiores denominações pentecostais está comemorando cem anos no Brasil. No último senso IBGE (2000) a Assembleia de Deus contava com 47,47% de adeptos, um número razoável e até mesmo surpreendente. Mas a denominação que tem na CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil) a sua maior expressão, também é responsável pela constante divisão eclesiástica no segmento pentecostal. É uma denominação que tem um sistema de governo episcopal, embora não seja declarado, onde uma igreja-sede comanda outras e administra os “pastores/líderes” removendo-os dos diversos “campos”. Por conta disso, é a denominação que mais divide igrejas no país, sendo um dos principais motivos questões politicas e de poder.

Essa denominação que contribui e muito para o Evangelho no Brasil, comemora o seu primeiro centenário em Junho. Como é característica desse segmento a divisão, até mesmo nas comemorações há um racha sustentado pelos próprios líderes. De um lado a CGADB está organizando uma comemoração com vários pastores presentes, menos o líder da igreja de Belém do Pará. Por outro lado, a igreja em Belém também está organizando e fazendo uma pesada campanha para a sua festividade, sem contar com o apoio da CGADB. O motivo disso, segundo alguns, é a disputa pela presidência da CGADB que sempre são tumultuadas.

O fato, e há quem discorde, principalmente os integrantes dessa denominação, é que a própria denominação começou com uma divisão, na Primeira Igreja Batista em Belém (PIBB), Pará. Isso tem sido ignorado completamente pelos líderes que estão fazendo a propaganda para as comemorações do centenário. O maior exemplo disso é a síntese do movimento pentecostal no Brasil no site da igreja em Belém:

Dois jovens missionários suecos residentes nos Estados Unidos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, receberam como missão pregar o evangelho em uma terra distante e desconhecida, chamada Pará. Foi então que partiram rumo a Belém, onde desembarcaram no dia 19 de novembro de 1910.
Inicialmente, se integraram à Primeira Igreja Batista do Pará, localizada na Rua João Balbi. Porém, sentiram a necessidade de tomar um novo rumo.


Não foi um novo rumo que eles tomaram, mas dividiram a PIBB. Embora historiadores da Assembleia de Deus digam que:

O propósito dos missionários, Gunnar Vingren e Daniel Berg não era dividir ou fundar igrejas. Com seus corações ardendo pela chama pentecostal que varria os EUA e outras nações, os missionários foram enviados por Deus para compartilhar essa mensagem aos brasileiros. Sendo membros da Igreja Batista desde tenra idade e, no caso de Vingren, pastor em atividade, agiram como idôneos e honrados servos de Deus. Procuraram a sua igreja. Não se infiltraram. Desde o encontro com o pastor metodista Justus Nelson, falaram abertamente com líderes brasileiros sobre suas convicções.

No porão da PIBB eles começaram a fazer reuniões paralelas aos cultos da igreja e arrebanhar outros irmãos para a doutrina pentecostal. Se desde o início os missionários suecos radicados nos EUA tivesse falado abertamente o que pretendiam, a PIBB não teria desligado treze membros e os dois missionários por entender que a doutrina pentecostal era inconsistente com a identidade Batista.

A intenção não é causar constrangimento quanto aos motivos reais da missão de Vingren e Berg. Até porque, o pentecostalismo sempre dividiu o Cristianismo, a começar com os membros da igreja de Corinto que achavam que tinham o Espírito Santo mais que os outros, um problema que Paulo busca resolver no capítulo 14. Montano, no ano de 150, também dividiu a cristandade com o seu pentecostalismo. Nos EUA, o movimento pentecostal dividiu a Igreja Metodista; no Brasil foram os missionários suecos na PIBB; na década de 1960 as denominações históricas foram abaladas pela onda carismática, ocasionando uma série de desligamentos de igrejas Batistas, Presbiterianas e Metodistas. Logo o tema do Espírito Santo, o responsável por preservar a unidade do corpo de Cristo, é motivo de tantas cisões e problemas.

Fica aqui a minha forma de dizer que a história do surgimento do pentecostalismo no Brasil não foi ordeira e de bom senso, mas começou com uma divisão dentro de uma igreja estabelecida na cidade de Belém. Embora reconheça os feitos e a contribuição dessa denominação, reitero que a história também é contada por aqueles que permaneceram na PIBB, acentuando a sua identidade como batistas que eram.

2 comentários:

jerielbrito disse...

A história pentecostal no Brasil sempre foi marcada pela divisões. Ainda hoje acontece novas revelações para iniciar um ministério próprio que se torna grande e depois se divide porque alguém do grupo recebeu uma nova revelação. Participei no dia 11 da comemoração dos 100 anos realizado pelo ministério do Belém, que não teve apoio dos demais ministérios.
O que acontece no meio pentecostal é apenas um reflexo da crise que vivemos como igreja de Cristo. Falar de unidade se tornou uma utopia. Abraços!

Anônimo disse...

Infelizmente é um fato. A minha maior frustração é ver que a principal divisão no meio pentecostal ainda é em torno do Espírito Santo. Isso é lamentável!
Obrigado pelo comentário.
Alonso