5.7.10

ELEIÇÕES 2010: OS BASTIDORES DO PODER

É o mesmo filme outra vez: política e religião uma combinação perfeita. Estamos nos aproximando das eleições presidenciais e já começou uma verdadeira luta pelo poder, pela hegemonia da ideologia que predomina no país. De um lado a candidata do governo Lula, que, aliás, será a primeira eleição que não disputará depois da redemocratização do país. Do outro lado está o candidato da “oposição”. Com o lema o Brasil pode mais não convenceu a maioria, se pode mais por que não continuar com o mesmo? Resta a terceira opção, Marina Silva. Nem mesmo aparece nas pesquisas. O fato mesmo é a presença de igrejas querendo mais uma vez participar do poder, quer diretamente ou indiretamente.

A candidata Dilma Roussef (PT) tem sido a preferência das igrejas pentecostais e neopentecostais. Acontece que Dilma vai de acordo com o vento. No Programa Roda Viva, da TV Cultura, defendeu o casamento homossexual: "Sou a favor da união civil. Acho que a questão do casamento é religiosa. Eu, como indivíduo, jamais me posicionaria sobre o que uma religião deve ou não fazer. Temos que respeitar”. A candidata não se pode dar o desfrute de perder alguns votos entre os homossexuais.

Sociólogos como Paul Freston e Ricardo Mariano pesquisam o apadriamento e o clientelismo dos pentecostais e neopentecostais com a política brasileira. Essas igrejas têm um sucesso eleitoral considerável. Ao lado da Assembleia de Deus a Universal e a Internacional contam com deputados e distribuem apoio a diversos políticos. Agora é a vez da Mundial seguir a mesma cartilha da sua igreja mãe (Universal), buscar um lugar ao sol com o discurso de que tem que ter gente “deles” para defender os interesses corporativos da igreja, apenas isso. As igrejas Assembleia de Deus, Universal e Internacional estão juntas a favor de Dilma. O apoio declarado da Assembleia de Deus tem encontrado resistência dentro da denominação de muitos fiéis, mas isso não é um problema.

Dilma está correta quando defende o casamento homossexual, afinal de contas ela não tem nenhum compromisso com os valores cristãos; ela está correta em aceita subir no púlpito da Assembleia de Deus e dizer que preza pelos valores cristãos, afinal de contas deram a ela esta oportunidade; está correta também em tomar um banho de axé com os pais de santo na Bahia; não há problema nenhum em participar da romaria do Círio de Nazaré. O Estado não tem religião e uma candidata precisa participar de todas as dimensões culturais e religiosas do país. Correto mesmo é uma igreja sabendo das suas propostas e mesmo assim dar apoio irrestrito.

O fato é que não importa muito se Dilma é contra ou a favor do casamento homossexual; se vai ou não em reuniões do Candomblé ou no Círio de Nazaré. O fato é o velho clientelismo com os políticos e o voto de cabresto dessas igrejas com o mesmo discurso messiânico de sempre. A intenção é clara, não é o compromisso com o país e seu desenvolvimento social; não é com os desmandos de políticos corruptos; não é com a fiscalização imparcial de políticas públicas. A intenção sempre foi em participar dos bastidores do poder e ter futuros benefícios como concessão de TV e rádio. O mais interessante nisso é o caso de Marina Silva, que não tem apoio nem mesmo de sua denominação, e já rachou o PV por não concordar com as propostas dos homossexuais e se recusar a tirar fotos com a bandeira do movimento LGBT.

Não é em defesa de Marina ou contra Dilma que este pequeno texto foi escrito. A questão é o conluio de igrejas com candidatos; a questão é que tais igrejas perdem a oportunidade de serem respeitadas pelas motivações corretas.

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