Nota: Esta carta não foi aprovada pela 100a Assembleia da CBB. A mesma não passou, pela maioria dos votos, voltando para ser analisada e modificada, pois seu teor foi considerado de "esquerda". Que se registre na história dos batistas brasileiros essa face obscura, mas não sem tensão. Isso demonstra o "espírito" do ser batista e a força dos seus Princípios.
A Convenção Batista Brasileira, reunida em sua 100a. Assembleia na cidade de Goiânia/GO, dirige-se a sociedade brasileira num clamor pela paz, diante dos seguintes desafios:
1) JUSTIÇA:
Reconhece com preocupação que o fosso da desigualdade social tem sido ampliado em todo mundo, inclusive no Brasil, fazendo que poucos tenham muito e muitos tenham pouco; (Jr 22.13)
Reconhece com preocupação que o fosso da desigualdade social tem sido ampliado em todo mundo, inclusive no Brasil, fazendo que poucos tenham muito e muitos tenham pouco; (Jr 22.13)
Lamenta que por conta dessa desigualdade nossos semelhantes sejam expostos às situações de vulnerabilidade, impingindo dor, tristeza e desesperança especialmente às crianças e idosos. Lamentamos também a situação de miséria e injustiça a que são submetidos os refugiados em todo o mundo (Dt. 10.17-18; Dt. 24.17).
Reprova por conta disso toda tentativa de desmonte do aparato social que ainda protege os que não tem vez e voz, (Pv. 19.17, Pv. 14.31),bem como rejeita o impingir ao pobre a responsabilidade pelos mais diferentes desafios brasileiros;
Conclama os batistas brasileiros a buscarmos a paz social, através da diminuição da desigualdade social (Lc 14.12,13; Sl 85.10).
Encorajaa todos os brasileiros a amarem a Justiça, (Is. 61. 8 ), exercerem o compartilhamento e a misericórdia, (1Jo 3.17,18), a investirem seus recursos em iniciativas que apoiem pessoas que nada tem. Estimula ainda todo o combate à corrupção e a sonegação, que são endêmicas nesse país (Mt. 22:21; Rm 13.5-7).
2) VIOLÊNCIA:
Reconhece, com pesar e preocupação, o aumento das notificações de violência contra mulheres (feminicídios) e contra as crianças (Tg. 1.27;).
Reconhece, com pesar e preocupação, o aumento das notificações de violência contra mulheres (feminicídios) e contra as crianças (Tg. 1.27;).
Reconhece em contrapartida a diminuição dos casos de homicídio.
Lamenta que ainda hoje mulheres e crianças tenham sua integridade emocional e física aviltadas (Jr. 22.3). Não é por outro motivo que lembramos, consternados, que o Brasil entrou na rota dos atentados em escolas, como aconteceu no Rio de Janeiro, Goiânia e Suzano (SP). Lamentamos que diante de tantas tragédias, queiram facilitar a posse e o porte de armas nesse país (Pv. 20.22; Sl 37.11).
Reprova toda e qualquer forma de vilipêndio à dignidade humana, especialmente no tocante às mulheres e as crianças, bem como a toda polarização e hostilidade que venham a ser alimentadas no seio familiar.
Conclama a sociedade brasileira a preservar a vida e dignidade de nossas crianças como investimento, legado no futuro de paz;
Encoraja que sejam amplamentes divulgados todos os programas do Governo e do Terceiro Setor que promovam a vida, a paz e a segurança para as mulheres e crianças.
3) FAMÍLIA:
Reconhece o estrago feito pela polarização política no seio de muitos lares, igrejas, gerando rancor em lugar de congraçamento (Hb 12.14);
Reconhece o estrago feito pela polarização política no seio de muitos lares, igrejas, gerando rancor em lugar de congraçamento (Hb 12.14);
Lamenta que tal hostilização impeça o caminhar fraterno e amigo, a vivência da paz nas relações pessoais;
Reprova o uso de informações falsas, mentiras, que buscam disseminar ainda mais a discórdia e a dissensão (Ex. 23.1; Tg. 4.11);
Conclama a sociedade brasileira para que volte a enxergar o lar como um lugar de diálogo, de harmonia, de benquerença mútua e de respeito, como lugar de refúgio e paz;
Encoraja a todos para que nos esforcemos na manutenção da família, tal qual preconizada nas Escrituras Sagradas, (Gn. 2.24; Mc. 10.6-9), na promoção da unidade e da paz sobre todas as relações. (I Pd 3.11).
4) TOLERÂNCIA:
Reconhece com indisfarçável e desconfortável surpresa, o aumento da intolerância.
Reconhece com indisfarçável e desconfortável surpresa, o aumento da intolerância.
Lamenta que esse clima de intolerância tenha invadido o campo religioso, contaminado as relações étnicas, polarizado o universo político e tornado impossível, para muitos, a convivência numa mesma comunidade de fé (I Pd. 2.17; Cl. 3.13; At.10.34);
Reprova toda e qualquer ameaça às relações interpessoais e fraternais pelo desrespeito com o diferente, com a alteridade, com o pensamento discrepante, bem como toda e qualquer ilação com os valores ou com o discurso presente nas ideologias extremistas.
Conclama a todos e todas a valorizar os princípios batistas, pilares constitutivos da modernidade, dentre eles a liberdade nas suas três formas: de consciência, de expressão e de culto (religião) (Jo. 8. 31-32; II Co. 3.17; Gl. 5.13),
Encoraja todos e especialmente os batistas brasileiros que prezem pela liberdade, que celebrem a alteridade e que construam na diversidade e até mesmo na dialética, a unidade, a paz, promovendo um clima de tolerância ao diferente.
5) VIDA:
Reconhece o clima perigoso e beligerante no qual o mundo adentrou, com o acirramento das tensões, provocações e incitamento à guerra;
Reconhece o clima perigoso e beligerante no qual o mundo adentrou, com o acirramento das tensões, provocações e incitamento à guerra;
Lamenta que a vida e a paz não esteja ameaçada somente pela guerra iminente, mas sobretudo pelo menosprezo com o meio-ambiente o que pode ser exemplificado com as florestas em chamas, e visualizado na fumaça australiana que deu a volta no globo terrestre.
Reprova toda falta de esforço dos líderes mundiais no cuidado do meio ambiente, bem como toda tentativa de culpabilizar o mais pobre pelos males ambientais;
Conclama os governos deste mundo a promoverem e apoiarem programas marcados pelo compromisso com a sustentabilidade e pela defesa da paz;
Encoraja a sociedade a promover a paz (Mt. 5.9; Rm. 14.9; Sl 122.6-7) e a valorizar a vida, na compreensão de que a preservação desse mundo criado, como ato de mordomia a Deus, é o que cabe a cada um de nós para a nossa existência (Rm 8.19-23).
Goiânia, 26 de janeiro de 2020
A comissão:
Relator - Guilherme de Amorim Avilla Gimenez (SP)
Klaus Peter Friese (SC)
Nilson Gomes Godoy (FL)
Rosane Andrade Torquato (PR)
Sergio Gonçalves Dusilek (CA)
Goiânia, 26 de janeiro de 2020
A comissão:
Relator - Guilherme de Amorim Avilla Gimenez (SP)
Klaus Peter Friese (SC)
Nilson Gomes Godoy (FL)
Rosane Andrade Torquato (PR)
Sergio Gonçalves Dusilek (CA)