Até o momento, o candidato do PSL não apresentou um plano de governo, até porque, segundo ele, ninguém ainda tem plano de governo. Mesmo assim, a sua principal agenda segue sendo o acesso às armas; a demarcação de terras para indígenas e quilombolas; a diminuição do Estado e da máquina pública, logo ele que tem todos os seus filhos na esfera político-partidária fazendo carreira, assim como o próprio que já está há vinte e oito (28) anos ininterruptos como Deputado Federal.
Com um português sofrível e jargões do universo militar, o deputado que pretende ser presidente do maior país da América Latina e da quinta economia do mundo, não consegue desenvolver uma argumentação lógica, coerente e plausível. O seu maior receio, declarado, é enfrentar um debate aberto com os demais candidatos à presidência.
Mesmo com o despreparo latente e a desqualificação visível para ser um presidente da República, o candidato segue sendo uma opção para uma porcentagem da população.
Ocorre que a sua principal plataforma política tem sido o “ódio”. Em uma questão o candidato e sua assessoria tem acertado: o ódio é uma arma poderosa em tempos de crise institucional. Depois dos crescentes escândalos envolvendo partidos políticos e grandes empresários, o candidato apareceu como um catalisador de frustrações, mas também de protestos de uma parte do eleitorado brasileiro. Assim, as suas colocações não causam nenhum espanto para quem já decidiu dar a ele o voto no primeiro turno.
A proposta do ódio e da vingança (toma lá dá cá), tem ganhado as redes sociais e a figura do “homem” violento tem sido personificada nessa figura boçal. À quem quer vê-lo presidente, porque só assim terá uma chance de colocar uma arma de fogo na cintura, por entender que dessa forma terá oportunidade de se defender da criminalidade, mas isso só será possível para o “cidadão de bem”. Como lembra o historiador Leandro Karnal, “Somos um país violento. Violentos ao dirigir, violentos nas ruas, violentos nos comentários e nas fofocas, violentos ao torcer por nosso time, violentos ao votar. Como pensar é árduo, odiar é mais fácil”. Se o país já está tão polarizado e as discussões estão cada vez mais permeadas pela violência, não havendo, nem mesmo, em alguns casos, uma base mínima civilizatória de diálogo, um presidente como esse não aprofundaria ainda mais esse fosso?
Recentemente o candidato, com uma criança nos braços, a ensinou fazer o “sinal” de uma arma, algo já recorrente. Ainda que houve inúmeras reações contrárias ao ocorrido, assessores do deputado, quando questionados sobre o fato de estar ensinado uma criança de quatro anos a imitar uma arma com os dedos, disse que poderia ser interpretado como um “gesto cristão” de bravura.
Infelizmente, há cristãos que apoiam o candidato e fazem “vistas grossas” com um fato como esse, julgando se tratar de uma “montagem” quando os principais jornais do país noticiaram o ocorrido.

Ao que tudo indica, a candidatura do deputado amante das armas seguirá. Resta saber quem mais seguirá, juntamente com ele, disseminando o ódio e pregando mais violência como uma possível solução para os problemas do país.