O texto é Mateus 20,1-16.
Compartilhei com a comunidade este texto neste domingo.
Geralmente todos conhecem este texto como a parábola da vinha. Na verdade, seguindo Joachim Jeremias, a parábola é do bom patrão.
A parábola do bom patrão quer tratar, peculiaridade de Mateus, a relação de graça de Deus com a comunidade de fé, e, neste sentido, as questões que Mateus levanta nós, hoje, enfrentamos.
O primeiro ponto é entender a graça de Deus. As pessoas tendem a colocar Deus dentro de uma redoma, com suas ideias, preconceitos e valores, e julgam que Deus não ultrapassa aquele perímetro. A maneira de se relacionar das pessoas é baseada no mérito; a maneira de Deus se relacionar é baseada na graça.
Se a parábola é endereçada à comunidade de fé (os discípulos), o problema é a graça do bom patrão, os trabalhadores das primeiras horas e o pagamento igualitário. O desenrolar da estória é conhecida.
Seria o problema de Mateus com àquelas pessoas que já pertenciam a comunidade de fé e a relação com os novos membros? Estaria Mateus tentando responder: quem chegou primeiro tem a preferência, tem a primazia?
Minha conclusão é de que Mateus está dizendo que todos são iguais, porque a graça de Deus iguala a todos! Isso é assim queriam ou não! Não importa quem chegou nas primeiras horas e quem só apareceu na última hora de trabalho. Todos são iguais!
Haverá aqueles que sempre vão querer questionar a bondade de Deus por ele fazer questão de igualar a todos, sem distinção. Na comunidade de Mateus é assim: não importa quem chegou por último ou primeiro, todos são tratados com igualdade. Mas sempre haverá na comunidade de fé pessoas que, por estarem primeiro, irão querer se aproveitar disso para dizer o que pode, o que não pode, o que deve ser assim e o que não deve! Sempre haverá àqueles que irão apontar o dedo e dizer: "ele/a não pode fazer isso, ele/a chegou depois".
A igreja no Evangelho de Mateus é assim: não há primeiros e nem últimos; os últimos não estarão atrás, nem os primeiros estarão na frente. Na igreja de Mateus havia pessoas que se incomodavam com a graça de Deus, mas a questão não é com a bondade de Deus, mas sim com os olhos que estão contaminados com a falta de misericórdia e amor aos irmãos.