24.10.12

A DURA TAREFA DE QUEBRAR CASTANHAS

Lembro-me quando li pela primeira vez o livro do pastor Ed René Kivitz – Quebrando paradigmas. Foi um livro “chocante”. Cursava teologia na Faculdade Teológica Batista de Campinas quando me deparei com um texto instigante e que desconstruía toda minha maneira de “ver” igreja e sua estrutura. Kivitz desconstrói o lugar do templo, do domingo e do clero.

Confesso que suas ideias me deixaram perturbado por um tempo, aliás, no seminário não existe matéria que não deixe o aluno perturbado... Bem, seu texto produziu em mim uma necessidade de conferir aquilo que acabara de ler em um texto de apenas 105 páginas. Percebi que a estrutura de uma igreja Batista tradicional desconsiderava as exigências do Novo Testamento e, mais ainda, que durante todo aquele tempo, antes do texto de Kivitz, eu havia admirado uma estrutura que não tinha muita coisa a ver com a vivência da igreja primitiva. Suas duras críticas ao templo, ao domingo e ao clero, deixou em mim uma sensação de que, ao longo do tempo, foi arquitetado ao na igreja que seguiu um modelo de funcionamento que não tinha muito a ver com o Novo Testamento. Exemplifico:
           
                                    HOJE                                     NOVO TESTAMENTO

                                    Templo                                  Casa

                                    Cargos                                   Dons espirituais

                                    Funções                                 Serviços

                                    Domingo                               Semana toda

                                    Pastor                                    Todos são ministros

                                    Departamentos                      Ministérios
 
Percebi que não seria fácil desenvolver isso em uma comunidade, até porque eu mesmo estava envolvido naquela estrutura de cargos, departamentos, comissões, assembleias e coisas do tipo. Percebi também que se quisesse seguir pelo menos algumas indicações do Novo Testamento quanto ao funcionamento da igreja precisa aprender a arte de quebrar castanhas. Tirar castanha do ouriço não é tarefa fácil. Exige paciência, traquejo e força ao mesmo tempo.

Uma igreja que não olhe o templo como lugar sagrado; uma comunidade que não veja o domingo como o único dia de estar junto aos irmãos; uma igreja que não veja no pastor o único responsável pelo desenvolvimento do corpo de Cristo. Para surgir uma igreja assim, ou seja, dinâmica e vibrante, a designação de “membro ativo” não pode ser meramente daquele que contribui e frequenta os cultos. Tem que ter algo a mais.

É preciso desenvolver os dons espirituais como único meio para edificação do corpo de Cristo; é preciso desenvolver a comunhão como elemento chave de agregação e unidade; é necessário apresentar Jesus e sua pessoalidade como exemplo de pastoreio.

3.10.12

FALTA POUCO

Estou contando os dias até 07 de Outubro.

Não aguento mais ver candidatos na TV falando tudo àquilo que o povo já sabe de cor – o que? – de que a vida nos grandes centros urbanos é desfavorável para os mais carentes. Para essas pessoas os hospitais estão superlotados; para essas pessoas a segurança é precária; para essas pessoas as condições de moradia são pobríssimas. Com um discurso demagogo e que só ludibria os incautos, os candidatos ao Poder Executivo usam e abusam de metas, estatísticas, números para mostrar o que o outro não vez e que dessa vez, se eleito, irá fazer. “Isso é uma vergonha” – para concordar com o Datena.

Falta pouco! Não vou precisar ver mais àqueles que ostentam o título de pastor fazendo campanha e usando o nome de Deus para legitimar o seu apadrinhado político ou a si mesmo. Pessoas que confundiram ou nunca entenderam a primazia da vocação pastoral acima de qualquer coisa. Falta pouco! Só em pensar de que não vou ouvir mais àquele velho discurso “irmão vota em irmão” já será bom demais.

Falta pouco. Os carros de som irão parar de poluir a cidade com as músicas mais esdrúxulas que já escutei – sem contar que é de extremo mau gosto muitas delas. Só em saber que isso irá acabar eu não vejo a hora de chegar 7 de Outubro.

Falta pouco para acabar com aqueles apertos de mão que você só se vê neste período. É nessa época que candidatos entram nas casas de gente simples, toma café amargo, faz carinho no cachorro, pega a criança no colo, dá tapinhas nas costas. Falta pouco para acabar com isso.

Falta pouco para que pessoas continuem lucrando com o voto vendido. Essas pessoas são a vergonha do País e nunca entenderam de fato o processo democrático, que, diga-se de passagem, custou muito de muita gente – dar ao povo brasileiro a prática da cidadania. Infelizmente há os corruptos passivos e ativos, e nesse caso não sei quem pode ser pior.

Falta pouco para não ver mais igrejas sendo usadas como curral eleitoral de líderes que suplantam a dignidade do processo eleitoral fazendo barganha com candidatos em troca de pouca coisa.

Falta pouco e não vejo a hora de chegar.