Ele está lá. Experimentando a dor, o desespero e o medo.
Para alguém que viveu a sua vida para amar e amou os seus até o fim, encontra-se agora pendurado num pedaço de madeira. Não queria, mas está; tentou evitar, mas não teve jeito. Vitimado por sua própria mensagem, o Reino de Deus.
Ele só queria que Deus fosse mais acessível e presente para o seu povo que aprendeu que a realidade divina é transcendente. Por causa desta postura, foi chamado de blasfemo, de louco, herege e beberrão.
Deus para ele não era um conceito, uma doutrina. Viveu a profundidade da relação com Deus ao ponto de chamá-lo de Abbá, paizinho. Para quem ouvia isso era um absurdo – “onde já se viu referir-se a Deus desse jeito?” Inconcebível. Imperdoável.
Ele queria colocar vida naquele sistema religioso que oprimia o pobre e acentuava a condição social de “favorecidos de Deus” de quem detinha o poder religioso. Era uma nova postura, uma nova maneira de ver Deus e experimentá-lo no cotidiano.
Agora ele esta lá. Gemendo de dor e agonia. Vivenciando a solidão de Deus: “Deus meu Deus meu, por que me desamparastes?” Ele grita. Grita porque os seus amigos o abandonaram; ele grita porque aquele povo que ele teve tanta compaixão e foi como pastor preferiu Barrabás.
Não tem um porquê. Não tem explicação. Ele não procura saber a causa do sofrimento humano, apenas participa; ele não procura entender a morte, apenas chora pelo amigo que se foi; ele não faz nenhum tratado sobre o mal, apenas certifica-se de que ele está aí.
A sua experiência com Deus não pode ser medida por aquele momento de desespero e dor. O resultado de sua vida não foi a cruz, mas foi a sua espiritualidade com Deus.
O ódio não está na cruz; a falta de amor não está na cruz; a falta de perdão não está na cruz. Está na cruz a compaixão, o amor, o perdão aos assassinos. Está na cruz um homem que viveu para a sua mensagem, o Reino de Deus, e morreu por ela. Está na cruz alguém que foi um filho melhor, um amigo melhor, um irmão melhor, um cidadão melhor porque experimentou Deus de maneira intensa e profunda.
Pr. Alonso Gonçalves
Iporanga/SP
"Escrever é construir, através do texto, um modelo específico de leitor" (Humberto Eco)
29.8.08
25.8.08
O TEMPO E A VIDA
Homenagem a irmã Domingas Tavares pelos seus oitenta anos de idade
Não sei se você tem esta impressão, mas o tempo assusta. A nossa vida é tão efêmera que pensar no próximo ano chega a dar até mesmo desespero. O tempo é está dimensão que nos cerca do qual nós dividimos entre passado, presente e futuro. E mesmo assim não podemos vivenciar os três: o que passou não volta mais e o futuro ainda não chegou, resta mesmo viver o presente, pois é com ele que construímos o futuro.
Nesta pastoral não quero pensar no que faria com os meus oitenta anos, se é que chegarei lá, até porque só tenho vinte e seis anos de idade. Dedico a uma vida que já viveu muitos anos e tem muita história para contar. Quero pensar no tempo e na vida, e desde já irmã Domingas minhas desculpas por filosofar um pouco, é o hábito.
Nós, os ocidentais, temos uma maneira de demarcar o tempo, apenas isso. O tempo mesmo, alvo de discussões entre os filósofos, não conseguimos parar. É por isso que dizem que não é o tempo que passa, mas nós que passamos por ele. Essa idéia de marcar dias e anos surgiu, aproximadamente, há 3000 anos antes de Cristo lá com os chineses, egípcios ou sumérios, com base na observação do Sol e da Lua. Nosso calendário é tipicamente romano, a julgar pela palavra – calendarium (é latim) – que era um livro de contas para marcar os juros daqueles que pegavam dinheiro emprestado. O tempo mesmo não pede licença para ser o que é. Nós apenas o percebemos com os nossos corpos e as coisas que vão mudando, para melhor ou pior, nos últimos anos para pior.
O tempo só é tempo porque surgiu a vida. A vida é e sempre foi dádiva de Deus. Pensar que há cerca de 3,8 bilhões de anos, nos oceanos, sob a combinação de 20 aminoácidos, irrompeu a primeira célula viva, e contando com um processo evolutivo, que não poderia deixar de ter um Ser grandioso como organizador, a vida se transforma neste emaranhado ser complexo dotado de consciência e necessidades. É a partir daqui que contamos o tempo e seus desdobramentos na vida.
Contar o tempo é medir anos e dias, e eles vêm, querendo ou não. Para alguns ele não passa dos 20, 18 ou até mesmo 15, vitimados pela violência urbana das grandes cidades deste país; outros, como a irmã Domingas, ele chega até os oitenta. Não sei se Moisés (possível autor do Salmo 90) tinha razão quando diz que “os dias da nossa vida sobem a setenta anos, ou, em havendo vigor, a oitenta: neste caso o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos”. Não sei se Moisés tinha este vigor, mas a irmã Domingas posso garantir, têm! Acorda cedo, faz café; costura como ninguém; vai ao templo nos dias de culto e nos dias que não tem culto; visita a cozinha sempre e esperava ver a mesma pronta para encher o coração de alegria; visita os irmãos e irmãs; ora muito, muito mesmo; participa das atividades da igreja com zelo e dedicação. Não sei se o nome para isso é vigor, mas se for à irmã Domingas têm. Apesar das fragilidades do corpo que demanda cuidados com o passar dos anos, mas mesmo assim vigorosa. Quanto ao corpo, ele apenas denuncia a passagem que fazemos pelo tempo. Ele é a comunicação do que fazemos nesta vida – os amores vividos, os ódios sofridos, as dores padecidas, a história percorrida, a cultura adquirida, os hábitos, as manias, as alegrias...
Hoje se fala muito em felicidade na vida. Pessoas correm atrás da tal felicidade. O que a maioria das pessoas desconhece, é que a felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai. Alguns a encontram no dinheiro, nas compras, nas drogas como álcool e entorpecentes. Mas há quem a encontra no doador da Vida, a base da nossa existência; naquele de quem nunca saímos porque “nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At. 17,28). A felicidade seria aquele momento de completude: um sentimento que invade a vida e enche ela de significado e alegria, mesmo que as circunstâncias não sejam para tanto, e de paz, mesmo que haja guerras.
Olho para pessoas como a irmã Domingas, e vejo a felicidade. Não esta de ter dinheiro e sucesso na vida. Aliás, sucesso é algo tão relativo. Felicidade aqui, pela perspectiva da dona dos oitenta, é poder estar no templo com os irmãos e sentir o abraço, o sorriso, o carinho, o amor fraterno. É estar pronta para servir os irmãos que vêm trabalhar na construção; é poder ajudar a fazer aquela comida gostosa nos “Junta Panela” que a igreja promove para aproximar mais os irmãos uns dos outros; é cuidar da hortinha no fundo do salão social. A felicidade, com certeza, esta nas pequenas coisas da vida: no neto que nasce; na filha que casa; no conselho que é dado; na oração que é feita; na história que é contada; nas belezas que são vistas.
A vida e o tempo é assim, um depende do outro para ser o que é. Contamos o tempo com a vida, e vivemos a vida com o tempo. O que conta mesmo é o que fazemos com a vida que passa pelo tempo. O resultado pode ser a felicidade ou a infelicidade de não ter vivido a vida.
Quanto a Moisés, bem. Se o Salmo 90 é mesmo dele, ele passou dos oitenta, chegando a cento e vinte anos (Dt. 34,7).
Quanto a irmã Domingas, esperamos que esteja conosco até o tempo deixar.
Parabéns pelos seus oitenta anos, que Deus continue abençoando a sua vida.
Pr. Alonso Gonçalves
Não sei se você tem esta impressão, mas o tempo assusta. A nossa vida é tão efêmera que pensar no próximo ano chega a dar até mesmo desespero. O tempo é está dimensão que nos cerca do qual nós dividimos entre passado, presente e futuro. E mesmo assim não podemos vivenciar os três: o que passou não volta mais e o futuro ainda não chegou, resta mesmo viver o presente, pois é com ele que construímos o futuro.
Nesta pastoral não quero pensar no que faria com os meus oitenta anos, se é que chegarei lá, até porque só tenho vinte e seis anos de idade. Dedico a uma vida que já viveu muitos anos e tem muita história para contar. Quero pensar no tempo e na vida, e desde já irmã Domingas minhas desculpas por filosofar um pouco, é o hábito.
Nós, os ocidentais, temos uma maneira de demarcar o tempo, apenas isso. O tempo mesmo, alvo de discussões entre os filósofos, não conseguimos parar. É por isso que dizem que não é o tempo que passa, mas nós que passamos por ele. Essa idéia de marcar dias e anos surgiu, aproximadamente, há 3000 anos antes de Cristo lá com os chineses, egípcios ou sumérios, com base na observação do Sol e da Lua. Nosso calendário é tipicamente romano, a julgar pela palavra – calendarium (é latim) – que era um livro de contas para marcar os juros daqueles que pegavam dinheiro emprestado. O tempo mesmo não pede licença para ser o que é. Nós apenas o percebemos com os nossos corpos e as coisas que vão mudando, para melhor ou pior, nos últimos anos para pior.
O tempo só é tempo porque surgiu a vida. A vida é e sempre foi dádiva de Deus. Pensar que há cerca de 3,8 bilhões de anos, nos oceanos, sob a combinação de 20 aminoácidos, irrompeu a primeira célula viva, e contando com um processo evolutivo, que não poderia deixar de ter um Ser grandioso como organizador, a vida se transforma neste emaranhado ser complexo dotado de consciência e necessidades. É a partir daqui que contamos o tempo e seus desdobramentos na vida.
Contar o tempo é medir anos e dias, e eles vêm, querendo ou não. Para alguns ele não passa dos 20, 18 ou até mesmo 15, vitimados pela violência urbana das grandes cidades deste país; outros, como a irmã Domingas, ele chega até os oitenta. Não sei se Moisés (possível autor do Salmo 90) tinha razão quando diz que “os dias da nossa vida sobem a setenta anos, ou, em havendo vigor, a oitenta: neste caso o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos”. Não sei se Moisés tinha este vigor, mas a irmã Domingas posso garantir, têm! Acorda cedo, faz café; costura como ninguém; vai ao templo nos dias de culto e nos dias que não tem culto; visita a cozinha sempre e esperava ver a mesma pronta para encher o coração de alegria; visita os irmãos e irmãs; ora muito, muito mesmo; participa das atividades da igreja com zelo e dedicação. Não sei se o nome para isso é vigor, mas se for à irmã Domingas têm. Apesar das fragilidades do corpo que demanda cuidados com o passar dos anos, mas mesmo assim vigorosa. Quanto ao corpo, ele apenas denuncia a passagem que fazemos pelo tempo. Ele é a comunicação do que fazemos nesta vida – os amores vividos, os ódios sofridos, as dores padecidas, a história percorrida, a cultura adquirida, os hábitos, as manias, as alegrias...
Hoje se fala muito em felicidade na vida. Pessoas correm atrás da tal felicidade. O que a maioria das pessoas desconhece, é que a felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai. Alguns a encontram no dinheiro, nas compras, nas drogas como álcool e entorpecentes. Mas há quem a encontra no doador da Vida, a base da nossa existência; naquele de quem nunca saímos porque “nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At. 17,28). A felicidade seria aquele momento de completude: um sentimento que invade a vida e enche ela de significado e alegria, mesmo que as circunstâncias não sejam para tanto, e de paz, mesmo que haja guerras.
Olho para pessoas como a irmã Domingas, e vejo a felicidade. Não esta de ter dinheiro e sucesso na vida. Aliás, sucesso é algo tão relativo. Felicidade aqui, pela perspectiva da dona dos oitenta, é poder estar no templo com os irmãos e sentir o abraço, o sorriso, o carinho, o amor fraterno. É estar pronta para servir os irmãos que vêm trabalhar na construção; é poder ajudar a fazer aquela comida gostosa nos “Junta Panela” que a igreja promove para aproximar mais os irmãos uns dos outros; é cuidar da hortinha no fundo do salão social. A felicidade, com certeza, esta nas pequenas coisas da vida: no neto que nasce; na filha que casa; no conselho que é dado; na oração que é feita; na história que é contada; nas belezas que são vistas.
A vida e o tempo é assim, um depende do outro para ser o que é. Contamos o tempo com a vida, e vivemos a vida com o tempo. O que conta mesmo é o que fazemos com a vida que passa pelo tempo. O resultado pode ser a felicidade ou a infelicidade de não ter vivido a vida.
Quanto a Moisés, bem. Se o Salmo 90 é mesmo dele, ele passou dos oitenta, chegando a cento e vinte anos (Dt. 34,7).
Quanto a irmã Domingas, esperamos que esteja conosco até o tempo deixar.
Parabéns pelos seus oitenta anos, que Deus continue abençoando a sua vida.
Pr. Alonso Gonçalves
16.8.08
ELES ESTÃO DE VOLTA
Eles voltaram. Seus nomes estão nos muros da cidade, nos carros de som, nas camisetas, nos “santinhos”. É impossível ficar despercebidos com a presença deles. Você pode até os encontrar pessoalmente nas esquinas das ruas, geralmente discutindo sobre as melhorias que a cidade precisa. Eles são assim, desprendidos: pegam nas mãos de todos que chegam perto; acena para quem olha; distribuem sorrisos; sobem morro; caminham nas ruas lamacentas; acolhem abraços de desconhecidos; conversam com quem não conhecem. Estão à caça de votos. É gente sedenta de trabalho comunitário, e que não vê o momento em que poderá, finalmente, ajudar o povo em suas mazelas diárias; gente preocupada com o bem estar da população; cheias de boas intenções e nenhum interesse pessoal. O que os move para essa tão árdua e sacrificante vida pública é o desejo ardente de servir o povo. É uma gente que procura estar bem com sua consciência ao deitar no travesseiro e ter a certeza do dever cívico cumprido.
Eles não estão nem um pouco preocupados com os salários e os benefícios que irão receber custeados pelo povo que paga seus impostos para sustentar a vida dura que eles, como representantes do povo, levam. Eles fazem questão de se desdobrarem em cima de discussões profícuas nem que para isso tenham que convocar assembléias extraordinárias mais de uma vez por mês. Mas não pense que é pelos honorários que eles têm direito quando isso acontece, de jeito nenhum. É porque eles querem aprovar leis que melhorem a vida da população o mais rápido possível. E quando eles dificultam para o poder executivo em algumas questões não é porque não gostam de quem estar no cargo, é porque estão avaliando melhor as condições do município.
Como nós não os compreendemos. Eles não dão a mínima para as bajulações que recebem, aliás, eles reprovam isso com veemência; não estão atrás dos aplausos; não estão preocupados com o reconhecimento que alguns desavisados e desenformados dos seus deveres como políticos fazem ao colocar seus nomes em faixas de agradecimento por alguma benfeitoria realizada na cidade. Isso não é necessário, pois estas coisas não são nenhum status pessoal para eles, pelo contrário, eles entendem como obrigação!
Nós não damos o devido valor a eles por se colocarem de coração aberto e dispostos a serviço do povo. Precisamos valorizar a decência deles em não fazer conchavos para garantir prestigio; precisamos valorizar a capacidade que eles têm de não transformar a política do bem comum para todos em barganhas para obter apoio com gente que não detém nenhum espírito público. É incrível como nós não valorizamos a honestidade que eles têm em não aceitar ofertas escusas que venha aumentar seu patrimônio ou beneficiar interesses de terceiros.
Precisamos elogiar a intelectualidade deles porque conhecem a base filosófica da política na sociedade ocidental. Eles sabem que a raiz do nosso conceito político veio da Grécia Antiga, e que foi os gregos que inventaram este sistema de representatividade, tirando das mãos dos tiranos e déspotas da época o domínio sobre o povo, há mais de 2.500 anos antes de Cristo. É claro que eles sabem que o berço da democracia, que quer dizer governo do povo, se deu na Grécia. Eles até já leram Aristóteles, o filósofo que teorizou a política pública grega, e sabem muito bem que os ideais de sua filosofia política visam exclusivamente o bem estar da população e a preocupação em melhorar as condições dos cidadãos buscando sempre o interesse da coletividade. Dominam e muito a capacidade de formular leis e projetos.
Quem disse que eles fazem politicagem, aquela maneira suja e nojenta de privilegiar os interesses próprios em vez do povo. De jeito nenhum, isso não existe. Depois de eleitos pelo voto da maioria eles governam e legislam para todos, independentemente de quem tenha votado.
Eles estão de volta, e precisam do reconhecimento da população de que são homens e mulheres que se colocam com um propósito bem especifico e definido: servir aos interesses da população. O que eles mais querem é aquilo que muitos antes de nós lutaram e deram o sangue para conseguir – o voto.
Pr. Alonso Gonçalves
Iporanga/SP
Eles não estão nem um pouco preocupados com os salários e os benefícios que irão receber custeados pelo povo que paga seus impostos para sustentar a vida dura que eles, como representantes do povo, levam. Eles fazem questão de se desdobrarem em cima de discussões profícuas nem que para isso tenham que convocar assembléias extraordinárias mais de uma vez por mês. Mas não pense que é pelos honorários que eles têm direito quando isso acontece, de jeito nenhum. É porque eles querem aprovar leis que melhorem a vida da população o mais rápido possível. E quando eles dificultam para o poder executivo em algumas questões não é porque não gostam de quem estar no cargo, é porque estão avaliando melhor as condições do município.
Como nós não os compreendemos. Eles não dão a mínima para as bajulações que recebem, aliás, eles reprovam isso com veemência; não estão atrás dos aplausos; não estão preocupados com o reconhecimento que alguns desavisados e desenformados dos seus deveres como políticos fazem ao colocar seus nomes em faixas de agradecimento por alguma benfeitoria realizada na cidade. Isso não é necessário, pois estas coisas não são nenhum status pessoal para eles, pelo contrário, eles entendem como obrigação!
Nós não damos o devido valor a eles por se colocarem de coração aberto e dispostos a serviço do povo. Precisamos valorizar a decência deles em não fazer conchavos para garantir prestigio; precisamos valorizar a capacidade que eles têm de não transformar a política do bem comum para todos em barganhas para obter apoio com gente que não detém nenhum espírito público. É incrível como nós não valorizamos a honestidade que eles têm em não aceitar ofertas escusas que venha aumentar seu patrimônio ou beneficiar interesses de terceiros.
Precisamos elogiar a intelectualidade deles porque conhecem a base filosófica da política na sociedade ocidental. Eles sabem que a raiz do nosso conceito político veio da Grécia Antiga, e que foi os gregos que inventaram este sistema de representatividade, tirando das mãos dos tiranos e déspotas da época o domínio sobre o povo, há mais de 2.500 anos antes de Cristo. É claro que eles sabem que o berço da democracia, que quer dizer governo do povo, se deu na Grécia. Eles até já leram Aristóteles, o filósofo que teorizou a política pública grega, e sabem muito bem que os ideais de sua filosofia política visam exclusivamente o bem estar da população e a preocupação em melhorar as condições dos cidadãos buscando sempre o interesse da coletividade. Dominam e muito a capacidade de formular leis e projetos.
Quem disse que eles fazem politicagem, aquela maneira suja e nojenta de privilegiar os interesses próprios em vez do povo. De jeito nenhum, isso não existe. Depois de eleitos pelo voto da maioria eles governam e legislam para todos, independentemente de quem tenha votado.
Eles estão de volta, e precisam do reconhecimento da população de que são homens e mulheres que se colocam com um propósito bem especifico e definido: servir aos interesses da população. O que eles mais querem é aquilo que muitos antes de nós lutaram e deram o sangue para conseguir – o voto.
Pr. Alonso Gonçalves
Iporanga/SP
1.8.08
COMO ERA BOM...
(Publicado no Boletim Dominical da Igreja Batista Memorial em Iporanga, em homenagem ao Dia dos Pais - 03.08.2008)
Era fim de tarde, ele estava para chegar. Sabia que aquele dia ele trabalhara muito dirigindo um caminhão cheio de concreto pelo trânsito frenético e caótico da cidade de São Paulo. Ao entardecer esperava ele apontar no começo da avenida do bairro, cheio de expectativas. Não sei porque fazia isso, talvez fosse só aquele momento em querer ver aquele que na minha cabecinha era o portador de segurança, amor, provisão... Este era meu pai. Alguém que viveu a vida para trabalhar. Saia às 5 horas da manhã e retornava as 18 e até as 21 horas. Lembro-me que quando ele chegava uma das coisas que fazia era pegar o violão; em minha família sempre teve músicos, e alguns muito bons mesmo, e por isso meu pai insistia, logo cedo, para que eu e meu irmão aprendêssemos um instrumento, foi assim que ganhei meu primeiro contrabaixo. Ele não sabia muita coisa no violão, mas cantava algumas músicas da igreja e nós ouvimos; e hoje me pego cantando essas músicas tomando banho e orando, e é por isso que conheço boa parte dos corinhos que as irmãs de nossa igreja conhece. Nessa época a televisão não era a coisa mais importante de uma família, isso só foi possível porque meu pai não deixou que ela fosse.
Era bom... Bom acordar no domingo de manhã e correr para o banheiro porque a Escola Bíblica Dominical era cedo e o pai não gostava de chegar atrasado. Aliás, uma das coisas que ele sempre ensinou - "igreja é lugar para ficar comportado". Criança, ah! Você já viu. Ouvia mas não guardava. E quando fugia da sua vista, fazia uma baguncinha - ninguém é de ferro. Mas teve um dia que me dei mal. Terminei de tocar e logo fui para fora do templo. E lá fora muita risada, falar das meninas, das músicas... o papo era bom. Meu pai ouvia aquela bagunça e algazarra de dentro do templo. No caminho ele diz: "quando chegar em casa nós vamos conversar". Naquele dia tive medo. O suor ficou frio, a barriga teve calafrio, o batimento cardíaco aumentou e desci a avenida do bairro pensando na desculpa que falaria para ele - até então nunca tinha levado uma surra. Chegamos em casa e o medo não deixava entrar na porta. Ele diz: "senta aqui. A Bíblia diz isso sobre os filhos, e você vai levar uma surra para aprender a se comportar na igreja". Foram somente quatro cintadas que valia por quinze da minha mãe, mas aprendi. Não sei se este é o melhor método, mas funcionou comigo.
A verdade é que só vim perceber a importância do meu pai na minha vida depois que a vida me deu oportunidades para decidir. Foi aí que pesou o caráter daquele homem que falava pouco, mas dizia tudo com a sua vida. Percebi que a vida é feita de pequenos momentos e que as pessoas, assim como o meu pai, marcam nossas vidas de uma maneira imensurável, tanto que hoje sou pastor e boa parcela disso o pai tem culpa, portanto se o irmão quiser reclamar fale com ele.
Pai é para toda a vida, não escolhemos, temos.
Era fim de tarde, ele estava para chegar. Sabia que aquele dia ele trabalhara muito dirigindo um caminhão cheio de concreto pelo trânsito frenético e caótico da cidade de São Paulo. Ao entardecer esperava ele apontar no começo da avenida do bairro, cheio de expectativas. Não sei porque fazia isso, talvez fosse só aquele momento em querer ver aquele que na minha cabecinha era o portador de segurança, amor, provisão... Este era meu pai. Alguém que viveu a vida para trabalhar. Saia às 5 horas da manhã e retornava as 18 e até as 21 horas. Lembro-me que quando ele chegava uma das coisas que fazia era pegar o violão; em minha família sempre teve músicos, e alguns muito bons mesmo, e por isso meu pai insistia, logo cedo, para que eu e meu irmão aprendêssemos um instrumento, foi assim que ganhei meu primeiro contrabaixo. Ele não sabia muita coisa no violão, mas cantava algumas músicas da igreja e nós ouvimos; e hoje me pego cantando essas músicas tomando banho e orando, e é por isso que conheço boa parte dos corinhos que as irmãs de nossa igreja conhece. Nessa época a televisão não era a coisa mais importante de uma família, isso só foi possível porque meu pai não deixou que ela fosse.
Era bom... Bom acordar no domingo de manhã e correr para o banheiro porque a Escola Bíblica Dominical era cedo e o pai não gostava de chegar atrasado. Aliás, uma das coisas que ele sempre ensinou - "igreja é lugar para ficar comportado". Criança, ah! Você já viu. Ouvia mas não guardava. E quando fugia da sua vista, fazia uma baguncinha - ninguém é de ferro. Mas teve um dia que me dei mal. Terminei de tocar e logo fui para fora do templo. E lá fora muita risada, falar das meninas, das músicas... o papo era bom. Meu pai ouvia aquela bagunça e algazarra de dentro do templo. No caminho ele diz: "quando chegar em casa nós vamos conversar". Naquele dia tive medo. O suor ficou frio, a barriga teve calafrio, o batimento cardíaco aumentou e desci a avenida do bairro pensando na desculpa que falaria para ele - até então nunca tinha levado uma surra. Chegamos em casa e o medo não deixava entrar na porta. Ele diz: "senta aqui. A Bíblia diz isso sobre os filhos, e você vai levar uma surra para aprender a se comportar na igreja". Foram somente quatro cintadas que valia por quinze da minha mãe, mas aprendi. Não sei se este é o melhor método, mas funcionou comigo.
A verdade é que só vim perceber a importância do meu pai na minha vida depois que a vida me deu oportunidades para decidir. Foi aí que pesou o caráter daquele homem que falava pouco, mas dizia tudo com a sua vida. Percebi que a vida é feita de pequenos momentos e que as pessoas, assim como o meu pai, marcam nossas vidas de uma maneira imensurável, tanto que hoje sou pastor e boa parcela disso o pai tem culpa, portanto se o irmão quiser reclamar fale com ele.
Pai é para toda a vida, não escolhemos, temos.
A CRISE DO PAI
(Palestra apresentada no Encontro de Casais na Igreja Batista Memorial em Iporanga)
Pr. Alonso Gonçalves
Em uma sociedade que prioriza o ter em lugar do ser, as relações sociais estão cada vez mais subordinadas as circunstâncias do dia-a-dia. Os modelos de família passam por transformações que qualquer despercebido consegue ver algumas posturas inovadoras que são fruto do sistema cultural que os estudiosos em sociologia chamam de pós-modernidade. Dentro deste momento cultural de viver as realidades familiares, vemos que a identidade do pai esta confusa na sociedade pós-moderna. Os papeis não são definidos. A diversidade de uniões dificulta ainda mais a identificação de quem é quem na sociedade. Este quadro tem trazido problemas familiares e sociais. O fato é que nem todos têm consciência de que a figura do pai esta ficando desbotada.
Antes de analisar o desaparecimento da figura paterna, vejamos os modelos de família que foram surgindo em nossa sociedade. Houve um tempo em que o centro familiar era o pai. Essa estrutura de família é conhecida como patriarcal. Ainda é assim em regiões rurais. O pai tem a palavra final e é respeitado como homem da casa e dos negócios, onde, naturalmente, os valores familiares são estabelecidos por ele.
O êxodo rural-urbano das décadas de 50 e 60 forçou o surgimento de outro modelo de família, conhecida como participativa. Marido e mulher assumem todas as tarefas domésticas: educação dos filhos, trabalho etc., sempre num sentido cooperativo.
A sociedade pós-moderna instituiu o modelo familiar conhecido como nuclear. Por causa da urbanização acelerada dos grandes centros e a crescente necessidade de trabalho, pai e mãe trabalham fora. Ocorre a terceirização das funções familiares que antes eram próprias da família (aliás, as funções familiares estão cada vez mais restritas nesta sociedade). Na terceirização das funções da família o cuidado do bebê é feito pela babá; os pais não têm tempo para ficar com a criança, pois ambos trabalham para sustentar o status quo, portanto a saída é colocar a criança numa creche; e quando se tem um dos dois em casa, ainda na sua maioria a mulher, que regula a educação da criança é a TV, um meio utilizado para distrair a criança enquanto a mãe faz as tarefas domésticas, a criança fica a mercê de todo o tipo de conteúdo sem qualquer restrição.
A crise do pai tem raízes que aqui não teria espaço e muito menos competência para analisar. Mas sucintamente podemos apontar pelo menos três eixos norteadores: (1) o trabalho – o regime de trabalho industrial ocupa o pai de forma muito intensa, restando pouco tempo para os filhos. Geralmente saem cedo e chagam tarde. A esse papel de trabalhador foi acrescido a figura do pai provedor. Aquele que traz o sustento da família, que paga as contas; (2) o machismo – criticou-se tanto o homem por ser machista. O papel do pai foi demolido porque tudo que ele poderia opinar era visto como machismo. A sua autoridade não dizia respeito às ações dos filhos/as, isso era coisa para a mãe; (3) o movimento feminista – as mulheres reivindicam a igualdade entre os sexos, em certos aspectos certíssimos. Surge com o slogan “o mundo é nosso”. A partir daí a figura de uma mulher independente aparece: o mercado de trabalho torna-se uma realidade, as opções tornam iguais para homem e mulher. Este momento é bem evidenciado em alguns comerciais de TV, por exemplo, cito apenas dois: o comercial do café “Pilão” em que aparece uma mulher fazendo o tal café e experimentado, faz uma expressão de felicidade e sua última frase é “se o marido não gostar, troca de marido”. O outro comercial é do arroz “Pileco”. Ela esta fazendo o arroz e comendo e sua última frase é “depois você chama o marido, para lavar a louça”. Esta não é nenhuma observação de um machista, pelo contrário, as mulheres merecem todo o crédito pelo que conquistaram ao longo da história deste país, inclusive o direito ao voto, ao mercado de trabalho e a participação política, e não se surpreendam em ver daqui alguns anos uma mulher governando este país, e com muita competência e sensibilidade. O ponto aqui, é que o movimento feminista exagera quando coloca a mulher com o papel central na família.
Quando se colocou as coisas num nível de competição e superação, a figura paterna ficou relegada.
Contando ainda a tendência para a omissão de certos pais na condução da casa, onde tudo ele empurra para a esposa resolver, vemos um imenso buraco na formação da criança.
Não é preciso ser psicólogo para entender que a formação de uma criança passa pela via da mãe-pai. A psicologia educacional trata bem isso quando aponta os papeis definidos do pai e da mãe na formação dos filhos. A mãe representa o aconchego, a satisfação dos desejos, a intimidade. O pai, por outro lado, é lhe dado a responsabilidade de introduzir na criança os conceitos de ordem, disciplina, do correto, do dever. É por isso que em muitos casos quando o pai trabalha e mãe é dona de casa e o filho apronta algumas ela logo diz: “quando o seu pai chegar ele vai ter uma conversa contigo”. A ele é dado o reconhecimento da autoridade. Tanto pai e mãe são responsáveis por inculcar valores femininos e masculinos na criança, e na ausência de um dos dois a formação dos filhos fica comprometida.
O desaparecimento da figura do pai tem conseqüências desastrosas. Em um livro escrito por Leonardo Boff, São José: a personificação do Pai, ele relata uma pesquisa feita nos Estados Unidos com jovens que apresentavam desvios de comportamento: 90% dos filhos que fugiam de casa não tinham o pai; 70% dos jovens que se envolviam com crimes o pai era ausente; 85% dos jovens na prisão não tinham a presença do pai; 63% dos jovens suicidas não tinham o pai. Não precisa estar nos Estados Unidos para saber que isto se estende também aqui no Brasil.
Neste dia dos pais vai o nosso apelo: seja pai. Aquela figura que inspira amor e respeito, carinho e firmeza, doçura e integridade. Educar não é nenhuma tarefa fácil, mas quando se tem amor tudo fica mais fácil.
Feliz dia dos pais.
Pr. Alonso Gonçalves
Em uma sociedade que prioriza o ter em lugar do ser, as relações sociais estão cada vez mais subordinadas as circunstâncias do dia-a-dia. Os modelos de família passam por transformações que qualquer despercebido consegue ver algumas posturas inovadoras que são fruto do sistema cultural que os estudiosos em sociologia chamam de pós-modernidade. Dentro deste momento cultural de viver as realidades familiares, vemos que a identidade do pai esta confusa na sociedade pós-moderna. Os papeis não são definidos. A diversidade de uniões dificulta ainda mais a identificação de quem é quem na sociedade. Este quadro tem trazido problemas familiares e sociais. O fato é que nem todos têm consciência de que a figura do pai esta ficando desbotada.
Antes de analisar o desaparecimento da figura paterna, vejamos os modelos de família que foram surgindo em nossa sociedade. Houve um tempo em que o centro familiar era o pai. Essa estrutura de família é conhecida como patriarcal. Ainda é assim em regiões rurais. O pai tem a palavra final e é respeitado como homem da casa e dos negócios, onde, naturalmente, os valores familiares são estabelecidos por ele.
O êxodo rural-urbano das décadas de 50 e 60 forçou o surgimento de outro modelo de família, conhecida como participativa. Marido e mulher assumem todas as tarefas domésticas: educação dos filhos, trabalho etc., sempre num sentido cooperativo.
A sociedade pós-moderna instituiu o modelo familiar conhecido como nuclear. Por causa da urbanização acelerada dos grandes centros e a crescente necessidade de trabalho, pai e mãe trabalham fora. Ocorre a terceirização das funções familiares que antes eram próprias da família (aliás, as funções familiares estão cada vez mais restritas nesta sociedade). Na terceirização das funções da família o cuidado do bebê é feito pela babá; os pais não têm tempo para ficar com a criança, pois ambos trabalham para sustentar o status quo, portanto a saída é colocar a criança numa creche; e quando se tem um dos dois em casa, ainda na sua maioria a mulher, que regula a educação da criança é a TV, um meio utilizado para distrair a criança enquanto a mãe faz as tarefas domésticas, a criança fica a mercê de todo o tipo de conteúdo sem qualquer restrição.
A crise do pai tem raízes que aqui não teria espaço e muito menos competência para analisar. Mas sucintamente podemos apontar pelo menos três eixos norteadores: (1) o trabalho – o regime de trabalho industrial ocupa o pai de forma muito intensa, restando pouco tempo para os filhos. Geralmente saem cedo e chagam tarde. A esse papel de trabalhador foi acrescido a figura do pai provedor. Aquele que traz o sustento da família, que paga as contas; (2) o machismo – criticou-se tanto o homem por ser machista. O papel do pai foi demolido porque tudo que ele poderia opinar era visto como machismo. A sua autoridade não dizia respeito às ações dos filhos/as, isso era coisa para a mãe; (3) o movimento feminista – as mulheres reivindicam a igualdade entre os sexos, em certos aspectos certíssimos. Surge com o slogan “o mundo é nosso”. A partir daí a figura de uma mulher independente aparece: o mercado de trabalho torna-se uma realidade, as opções tornam iguais para homem e mulher. Este momento é bem evidenciado em alguns comerciais de TV, por exemplo, cito apenas dois: o comercial do café “Pilão” em que aparece uma mulher fazendo o tal café e experimentado, faz uma expressão de felicidade e sua última frase é “se o marido não gostar, troca de marido”. O outro comercial é do arroz “Pileco”. Ela esta fazendo o arroz e comendo e sua última frase é “depois você chama o marido, para lavar a louça”. Esta não é nenhuma observação de um machista, pelo contrário, as mulheres merecem todo o crédito pelo que conquistaram ao longo da história deste país, inclusive o direito ao voto, ao mercado de trabalho e a participação política, e não se surpreendam em ver daqui alguns anos uma mulher governando este país, e com muita competência e sensibilidade. O ponto aqui, é que o movimento feminista exagera quando coloca a mulher com o papel central na família.
Quando se colocou as coisas num nível de competição e superação, a figura paterna ficou relegada.
Contando ainda a tendência para a omissão de certos pais na condução da casa, onde tudo ele empurra para a esposa resolver, vemos um imenso buraco na formação da criança.
Não é preciso ser psicólogo para entender que a formação de uma criança passa pela via da mãe-pai. A psicologia educacional trata bem isso quando aponta os papeis definidos do pai e da mãe na formação dos filhos. A mãe representa o aconchego, a satisfação dos desejos, a intimidade. O pai, por outro lado, é lhe dado a responsabilidade de introduzir na criança os conceitos de ordem, disciplina, do correto, do dever. É por isso que em muitos casos quando o pai trabalha e mãe é dona de casa e o filho apronta algumas ela logo diz: “quando o seu pai chegar ele vai ter uma conversa contigo”. A ele é dado o reconhecimento da autoridade. Tanto pai e mãe são responsáveis por inculcar valores femininos e masculinos na criança, e na ausência de um dos dois a formação dos filhos fica comprometida.
O desaparecimento da figura do pai tem conseqüências desastrosas. Em um livro escrito por Leonardo Boff, São José: a personificação do Pai, ele relata uma pesquisa feita nos Estados Unidos com jovens que apresentavam desvios de comportamento: 90% dos filhos que fugiam de casa não tinham o pai; 70% dos jovens que se envolviam com crimes o pai era ausente; 85% dos jovens na prisão não tinham a presença do pai; 63% dos jovens suicidas não tinham o pai. Não precisa estar nos Estados Unidos para saber que isto se estende também aqui no Brasil.
Neste dia dos pais vai o nosso apelo: seja pai. Aquela figura que inspira amor e respeito, carinho e firmeza, doçura e integridade. Educar não é nenhuma tarefa fácil, mas quando se tem amor tudo fica mais fácil.
Feliz dia dos pais.
OS ENCONTROS DE JESUS NO EVANGELHO JOÃO
Pr. Alonso Gonçalves
Igreja Batista Memorial em Iporanga/SP
O evangelho de João reúne três diálogos interessantes: com o fariseu Nicodemos (cap. 3), com a imoral samaritana (cap. 4) e a mulher adultera (cap. 8). Na verdade este modelo de dialogo se transforma em monologo, onde personagens surgem apenas para ajudar a desenvolver um tema peculiar. Por isso a mudança do singular para o plural.
O evangelho joanino não esta preocupado em situar Jesus em certas circunstâncias, como nos Sinóticos, ele quer fazer teologia. Os diálogos são discursos com este fim.
Quem tem um encontro com Jesus, alguma coisa acontece. O autor de João gosta muito de usar o termo krisis para julgamento. A presença de Jesus provoca uma crise existencial e força a uma resposta: sim ou não.
Quem se deixa envolver com Jesus há transformação. Há um novo sentido na vida. Há uma nova compreensão das coisas.
Em um tempo em que os tidos “encontros” com Jesus tem sido, na sua maioria, superficiais, o exemplo desses três personagens tem a nos ensinar algumas coisas.
Nicodemos: não era um homem ruim. Suas qualidades são ressaltadas no texto. Era fariseu, ou seja, conhecia a Lei de Israel; um dos principais dos judeus, provavelmente membro do Sinédrio judaico, posto de honra e poder. O Sinédrio controlava a vida política, econômica e religiosa do povo judeu.
Ele nutre simpatia por Jesus, por isso o encontrar com Jesus. Nicodemos é como aquelas pessoas que freqüentam o templo, gostam da música, ouvem até de bom grado a mensagem, conversa com os irmãos, mas não gostaria de ser reconhecido como mais um. Estes não gostam de ser vistos de dia, apenas de noite. Assim como Nicodemos, não quer se comprometer.
Para ele o Jesus joanino diz: “nascer de novo”. Entra aqui o esquema dualista da teologia joanina: luz/trevas, verdade/mentira, carne/espírito. O espírito infundido por Deus é que dar capacidade para amar e ver as coisas de Deus, ele é livre como o vento. Atua independente da capacidade humana. Não quero aqui entrar nos significados exegéticos da água e do espírito, se é a palavra ou o batismo: o fato é que não basta ter simpatia por Jesus, conhecer a Lei, ser importante, é preciso nascer de novo. É preciso se comprometer com Deus e seu Reino.
A mulher samaritana: é uma dessas pessoas que muitos de nós não gostaríamos de encontrar na rua. São pessoas que estão à margem do ideal moral que muitos de nós, com hipocrisia, nutrimos. Ainda bem que Jesus não se parece nem um pouco com a nossa tendência arrogante de ver as pessoas de baixo pra cima.
O texto diz que os judeus não se davam bem com os samaritanos. Estava ali um judeu, homem, falando em plena luz do dia com uma mulher e ainda samaritana. Para completar o quadro, ela não tinha uma vida muito correta: já havia tido diversos maridos.
Ela vai buscar água por volta da hora sexta, isto é, meio-dia. Um horário nada convencional para apanhar água.
É com gente assim que Jesus trata e a igreja deveria tratar também.
Ele oferece água viva. Uma mudança de vida, uma nova postura frente a realidade da vida. Ela aceita esta água.
A mulher adultera: adultério é pecado, mas para Jesus é pecado também negar o perdão e uma segunda chance para as pessoas. Ele sabe que nós sempre estamos prontos a tacar pedras nas pessoas que julgamos serem diferentes de nós. Apontamos o dedo nas feridas dos outros e julgamos estar acima do bem e do mal, e em diversas situações não reconhecemos o ser humano com suas deficiências que esta do outro lado. Jesus a viu, talvez seja por isso que este texto ficou fora por muito tempo do evangelho de João.
“Olhem para vocês!” Esta é a palavra de Jesus para aqueles que negam o perdão para fazer valer a Lei. Para Jesus o perdão não tem prazo de validade, ele é doado, independentemente de quem o recebe.
Os encontros com Jesus sempre provoca algo. O mais interessante é que a comunidade primitiva compreendia que Jesus não queria se encontrar com os santos e purificados, prepotentes e arrogantes que julgam não necessitar de mais nada. Ele quer se encontrar com um Nicodemos que tem medo de ser visto na sua companhia e não sabe ainda lidar com seus temores e com perguntas sobre a vida que realmente interessa; ele quer se encontrar com aquele/a que leva uma vida desregrada; ele quer se encontrar com aquele/a que necessita de uma segunda chance para continuar a viver e erguer a cabeça e superar os erros cometidos.
Igreja Batista Memorial em Iporanga/SP
O evangelho de João reúne três diálogos interessantes: com o fariseu Nicodemos (cap. 3), com a imoral samaritana (cap. 4) e a mulher adultera (cap. 8). Na verdade este modelo de dialogo se transforma em monologo, onde personagens surgem apenas para ajudar a desenvolver um tema peculiar. Por isso a mudança do singular para o plural.
O evangelho joanino não esta preocupado em situar Jesus em certas circunstâncias, como nos Sinóticos, ele quer fazer teologia. Os diálogos são discursos com este fim.
Quem tem um encontro com Jesus, alguma coisa acontece. O autor de João gosta muito de usar o termo krisis para julgamento. A presença de Jesus provoca uma crise existencial e força a uma resposta: sim ou não.
Quem se deixa envolver com Jesus há transformação. Há um novo sentido na vida. Há uma nova compreensão das coisas.
Em um tempo em que os tidos “encontros” com Jesus tem sido, na sua maioria, superficiais, o exemplo desses três personagens tem a nos ensinar algumas coisas.
Nicodemos: não era um homem ruim. Suas qualidades são ressaltadas no texto. Era fariseu, ou seja, conhecia a Lei de Israel; um dos principais dos judeus, provavelmente membro do Sinédrio judaico, posto de honra e poder. O Sinédrio controlava a vida política, econômica e religiosa do povo judeu.
Ele nutre simpatia por Jesus, por isso o encontrar com Jesus. Nicodemos é como aquelas pessoas que freqüentam o templo, gostam da música, ouvem até de bom grado a mensagem, conversa com os irmãos, mas não gostaria de ser reconhecido como mais um. Estes não gostam de ser vistos de dia, apenas de noite. Assim como Nicodemos, não quer se comprometer.
Para ele o Jesus joanino diz: “nascer de novo”. Entra aqui o esquema dualista da teologia joanina: luz/trevas, verdade/mentira, carne/espírito. O espírito infundido por Deus é que dar capacidade para amar e ver as coisas de Deus, ele é livre como o vento. Atua independente da capacidade humana. Não quero aqui entrar nos significados exegéticos da água e do espírito, se é a palavra ou o batismo: o fato é que não basta ter simpatia por Jesus, conhecer a Lei, ser importante, é preciso nascer de novo. É preciso se comprometer com Deus e seu Reino.
A mulher samaritana: é uma dessas pessoas que muitos de nós não gostaríamos de encontrar na rua. São pessoas que estão à margem do ideal moral que muitos de nós, com hipocrisia, nutrimos. Ainda bem que Jesus não se parece nem um pouco com a nossa tendência arrogante de ver as pessoas de baixo pra cima.
O texto diz que os judeus não se davam bem com os samaritanos. Estava ali um judeu, homem, falando em plena luz do dia com uma mulher e ainda samaritana. Para completar o quadro, ela não tinha uma vida muito correta: já havia tido diversos maridos.
Ela vai buscar água por volta da hora sexta, isto é, meio-dia. Um horário nada convencional para apanhar água.
É com gente assim que Jesus trata e a igreja deveria tratar também.
Ele oferece água viva. Uma mudança de vida, uma nova postura frente a realidade da vida. Ela aceita esta água.
A mulher adultera: adultério é pecado, mas para Jesus é pecado também negar o perdão e uma segunda chance para as pessoas. Ele sabe que nós sempre estamos prontos a tacar pedras nas pessoas que julgamos serem diferentes de nós. Apontamos o dedo nas feridas dos outros e julgamos estar acima do bem e do mal, e em diversas situações não reconhecemos o ser humano com suas deficiências que esta do outro lado. Jesus a viu, talvez seja por isso que este texto ficou fora por muito tempo do evangelho de João.
“Olhem para vocês!” Esta é a palavra de Jesus para aqueles que negam o perdão para fazer valer a Lei. Para Jesus o perdão não tem prazo de validade, ele é doado, independentemente de quem o recebe.
Os encontros com Jesus sempre provoca algo. O mais interessante é que a comunidade primitiva compreendia que Jesus não queria se encontrar com os santos e purificados, prepotentes e arrogantes que julgam não necessitar de mais nada. Ele quer se encontrar com um Nicodemos que tem medo de ser visto na sua companhia e não sabe ainda lidar com seus temores e com perguntas sobre a vida que realmente interessa; ele quer se encontrar com aquele/a que leva uma vida desregrada; ele quer se encontrar com aquele/a que necessita de uma segunda chance para continuar a viver e erguer a cabeça e superar os erros cometidos.
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